sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Visitando o Hospital de Cáritas, na Espiritualidade – Parte II


Tão logo a Irmã Glória seguiu para acompanhar os pacientes, o Mentor Bartolomeu indicou que também entraríamos no Hospital.
Ao passarmos pelo pórtico de entrada, senti uma vibração diferente. Meus sentimentos de amor, de carinho, de fraternidade, ficaram mais salientes. De repente sentia uma leveza no íntimo que tocou-me um forte sentimento de gratidão. Bartolomeu, vendo o que ocorria, explicou:
-Irmão! Estamos entrando na área hospitalar no exato momento que a Espiritualidade Superior oportuniza as vibrações de prece, de saudade fraterna, de carinho, saúde e tantas outras que possam tocar o coração daqueles que deixaram a veste terrena. Essas vibrações são originárias daquelas pessoas, familiares e amigos, que continuam encarnados, mas que vibram pelos seus queridos que desencarnaram. Repare com mais atenção: existe uma musica no ar! Os louváveis sentimentos dos terrenos chegam aqui transmutados em sonoridade angelical, contribuindo para a recuperação daqueles que aqui chegam para tratamento.
De fato, passei a ouvir uma suave cantoria. Em tom quase imperceptível, tinha a nítida certeza de que era um coral de crianças a cantar. Entre as rimas que ora aconteciam, nomes de pessoas eram entoados entre frases que destacavam: “a vida continua”, “te amo para sempre”, “esteja com Deus”, “Deus ilumina”.
Enquanto ouvia a musicalidade, nosso deslocamento do pórtico de entrada, até o primeiro prédio, deu-se numa distância de aproximadamente duzentos metros.
No início, logo na entrada do pórtico, existe uma parte de uns dez metros que é do mesmo calçamento da parte externa. Em seguida, estendem-se gramados e jardins em uma ampla área arborizada, com diversas banquetas e bancos de jardim espalhados e onde em algumas haviam entidades sentadas.
O gramado era recortado apenas pelos cinco caminhos feitos em pedras em formato de losango, como o ponteiro de uma bússola; cada um daqueles corredores conduzia para um grande prédio. As pedras estavam unidas em suas extremidades, como que encaixadas a uns cinco centímetros em suas extremidades laterais; esses encaixes se alternavam de lado ao longo do caminho, mantendo a disposição do caminho em linha reta.
Chegamos na frente de um dos prédios. Era todo envidraçado. Acredito que tinha uns oito andares. Toda a parte de entrada era de um vidro em tonalidade levemente esverdeada. Colunas redondas e marmorizadas estavam dispostas ao longo da fachada.
Estando na frente, onde paramos por breve instante, fiquei a observar o movimento intenso no ambiente interno do prédio.
Ao nos aproximarmos da entrada, a vidraça que parecia ser uma porta automática se desfez como numa desmaterialização. E assim que entramos, pude ver melhor o intenso movimento de entidades.
No centro daquela área do prédio havia um jardim com uma fonte d'água. Ali também estavam alguns bancos de jardim. Esse espaço correspondia a uma grande área, de onde era visto todos os andares que davam acesso aos quartos. No alto há uma gigantesca claraboia, da mesma dimensão do jardim, onde via-se uma nuvem de luminosidade leitosa a mover-se lentamente como uma onda.
Nos parapeitos dos andares estavam alguns pacientes a observar o ambiente. Num dos andares, identifiquei o Irmão Pedro, que havia desencarnado fazia uma semana.
Bartolomeu recomendou que fossemos conversar com o Pedro:
-Já identificou onde está nosso Irmão Pedro? Vamos lá conversar com ele.
Num rápido relance, me vi imediatamente ao lado de Pedro. Ele estava com o braço direito apoiado sobre o parapeito, olhando para baixo, e não percebeu nossa chegada. Ele estava usando vestes de paciente e tinha o braço esquerdo com algo que parecia uma leve varicose, sendo que no dorso da mão esquerda havia uma atadura.
Me dirigi a ele:
-Olá Pedro! Como está?
Quando nos viu, Pedro inquiriu:
-Nossa! Você também morreu?
Bartolomeu assumiu as explicações necessárias; sobre o que estávamos fazendo no Hospital, entre outros esclarecimentos.
O Irmão Pedro já contava com oitenta e três anos quando teve um AVC e ficou em coma durante mais de quarenta dias. Seu desencarne deu-se num sábado, quando a equipe do Dr. Frederich conduziu os últimos desenlaces. No mesmo dia Pedro foi internado no Hospital de Cáritas para receber o tratamento adequado. Seu comentário sobre a situação é interessante:
-Estou admirado com tudo isso aqui. E nem sei mais se estou morto. Lembro a todo o momento do filme “Nosso Lar”. É tudo muito parecido. Tudo fica muito familiar. Lembro das situações e necessidades do “André Luiz” em querer ver e saber sobre a família na Terra. Tudo isso estou vivenciando. Minha mãe ainda não veio me visitar. Mas já me informaram que antes de eu ter alta ela virá. Já recebi a visita de dois amigos e agora a de vocês. Estou aguardando meu pai. Disseram que ele daqui a poucas horas, no vespertino, antes da nossa reunião para oração coletiva. Confesso! Sinto que estou vivenciando o filme “Nosso Lar”. Já disse aqui para os doutores que quero trabalhar logo; quero trabalhar com flores. Meu quarto está cheio delas. A todo o momento chegam elas em belos vasos; em lindos arranjos. Cuido de cada uma delas. Já disseram que essas flores são a materialização das preces da minha esposa. Vou cultivar essas flores para o dia que minha querida “Mara” aqui chegar.
Ficamos um tempo conversando com o Irmão Pedro. Bartolomeu fez diversas explicações para auxiliar na adaptação do Irmão. Também comentou que eu conversaria com a Mara, dentro das possibilidades, informando sobre a situação do Irmão Pedro.
Tivemos a oportunidade de entrar no quadro de Pedro, onde muitos vasos de flores perfumavam o ambiente. Ali o deixamos acomodado na cama, e nos despedimos. 

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