quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Consuelo


Consuelo foi mulher da vida. Sua jornada terrena não lhe poupou os caminhos fáceis da perdição. Ela tinha tudo que uma pessoa necessita para se dizer vive do luxo e no luxo.
Mas a matéria cobra uma condição inamovível para as Almas: a de fazermos sempre mais e mais pelo luxo e pela vaidade, duas irmãs diretas do egoísmo e do egocentrismo.
As disparates materiais cobram, inclusive, o próprio corpo da pessoa, e Consuelo teve de compreender que a riqueza não se leva.
Teve vários homens, e também muitas mulheres, mas na hora do infortúnio ninguém para ajudar. Ninguém para dizer uma palavra qualquer.
Quanta dor e quanta solidão. A doença corroía suas entranhas e a prescrição médica a nada mais servia.
Suas vísceras já pareciam não existir mais. Um sentimento de vazio lhe fazia gritar não pela dor, mas pelo esquecimento dos muitos que a conheceram e compartilharam de seus braços.
Consuelo até foi conselheira de amores, romances e também de intrigas. Mas no leito hospitalar só as ampolas lhe faziam a companhia e testemunhavam sua penúria.
Mas não há dor que persista para sempre, e certa noite Consuelo recebeu a visita de sua mãe, que adentrou pela porta do quarto com um largo sorriso.
Mãe e filha se abraçaram como nunca antes. E entre lágrimas, soluços e pedidos de perdão à sua mãe, Consuelo pedia ainda a ajuda para diminuir a dor da solidão.
E enquanto o coração de Consuelo batia forte em seu peito, os equipamentos a qual seu corpo estavam ligados acusaram um único “pin”... ininterrupto.
Consuelo estava morta.
E de mãos dadas com sua Mãe, foi passear; tal como faziam quando ainda menina, costumavam fazer até a praça.
Irmã Divinéia
Psicografado em 25 de fevereiro de 2013.

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