quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Carta de Valdomiro

Alvorada. Era tardinha. Eu caminhava pela calçada quando ouvi um estampido. Fui olhar de onde veio o som do tiro... mas já não pude mais. A bala me atingiu no peito e nem tive tempo de levar as mãos ao peito.
 A morte certa se fez rápido. E logo sei o algoz que disparou. E de pronto me pus assustado ao lado de meu corpo. E junto de mim um homem elegante me acalmava, dizendo que estava tudo bem.
 Mas o susto me incomodava e fazia de mim uma pessoa irada, com vontade de perseguir e de também atingir o que desferiu o tiro.
 Ah! Quem dera outra oportunidade de bater de frente com Juca, esse que usou a arma para me tirar a vida.
 Esses sentimentos iniciais que aqui escrevo foram parte de mim naquele momento fatídico.
 Hoje já não mais penso em desferir ou prejudicar qualquer que seja. Pois a vida na espiritualidade é mais esclarecedora e nos traz uma paz na alma como nunca antes senti.
 Na minha vida curta na encarnação terrena, passei por dificuldades que me levaram a cometer alguns delitos; que me levaram a conhecer o Juca. Mas as dívidas mal resolvidas e os problemas que se avolumavam, fizeram do amigo que se transformasse em um inimigo, a tirar-me da vida.
 Hoje sigo em prece pelos amigos e pelos que me consideravam como inimigo.
 Sei das necessidades deles, e também das condições de cada um em sua alma. E minha compaixão, aprendida aqui na espiritualidade, me leva a orar por todos.
 E tenham certeza; um dia nos encontraremos aqui; e vamos nos trocar olhares e pensamentos. E será uma oportunidade de delinearmos uma nova caminhada na carne.
 Ao Juca, querido irmão, a quem muito oro, ele continua com seus problemas na matéria. Enredado em conflitos e encarcerado; ditando ordens do fundo de seu calabouço aos que lhe obedecem.
 Mas tudo tem um porquê nessa vida. E o aprendizado, às vezes, se faz a duras penas.
 Meus irmãos e irmãs na Terra já não visitam mais minha sepultura. E só de vez em quando é que lembram de mim. Mas já o Juca, esse encontro muito seguido em sonho. Converso com ele, mas quando ele acorda, suas palavras são influenciadas pelo seu desejo de controle, e o desdém sobre minha pessoa é dita aos demais.
 Mesmo em oração, vejo daqui, que muitos ainda falam sobre Deus, mas atuam longe dele. Chegará o dia em que o aprendizado se fará no coração, na alma, e os atos e pensamentos serão de Deus. Por hora fica minha compaixão, sem arremedos, aos meus queridos irmãos e irmãs que na Terra continuam seus aprendizados.
Fiquem com Deus, meus queridos!
Valdomiro, o Miro

Psicografado em 23 de setembro de 2017.

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