terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Região umbralina na Ásia


Na madrugada do dia 04 de dezembro de 2011, fui levado pelo Mentor Bartolomeu até uma região umbralina localizada em alguma parte da Ásia. Pelas informações do Mentor, a referida região está localizada nas proximidades etéreas de uma cidade da Índia, que faz fronteira com o Paquistão.
Quando chegamos numa determinada localidade da região umbralina, notei que o ambiente todo era completamente seco, dando a impressão de estarmos atravessando um deserto. A luminosidade do ambiente era baixa, e parecia que estávamos andando abaixo de uma cortina de areia, que impedia a luminosidade do Sol. A luz do ambiente era de um tom alaranjado.
O chão era arenoso e seco; era possível perceber uma película de pó na cor de tijolo a cobrir o chão.
Caminhamos por alguns momentos, até perceber que adentramos em uma cidade que dava a impressão de estar abandonada; isso porque o estado de tudo era muito precário. É como se aquela cidade estivesse em completa ruína, pois todas as casas (que mais se pareciam com cabanas) haviam sido destruídas e só parte delas continuava de pé.
No entanto, a cidade não estava abandonada. Gritos e gemidos de dor passaram a ser ouvidos a todo o momento. Frases de ameaça também eram ouvidas. Diante da minha surpresa, Bartolomeu esclareceu.
-Charles! Não tenhas receio do que veremos. Muitos dos que estão aqui não nos percebem, e apenas alguns outros poderão lhe perceber. Mas você pode ficar tranquilo, pois logo chegará um guia para nos conduzir até a outra extremidade da região. Vamos descer até a área onde estão Irmãos em estado de sofrimento por não aceitarem a existência da igualdade dos Espíritos perante o Pai Celestial. São Irmãos que ainda em seu estágio evolutivo, discordam das oportunidades iguais para todos no caminho da evolução Espiritual. Comportam-se assim porque pressentem que terão de encarnar entre aqueles grupos que ele desconsiderava perante o Pai Celestial. Desconsiderava-os como Irmãos e os comparava ao menor dos seres e indignos de ocuparem os mesmos espaços que o deles durante a encarnação na Terra.
Enquanto Bartolomeu explicava, fomos andando por uma rua toda empoeirada. Não era difícil ver os vultos correndo de um lado ao outro, como se estivessem fugindo de alguma coisa que eu não consegui ver. Alguns passavam aos gritos. Outros apenas corriam. Enquanto que outros estavam parados junto de janelas destruídas, contemplando o vazio; era como se estivessem olhando para suas lembranças na Terra.
Logo chegou uma entidade que cumprimentou-nos.
-Olá meus Irmãos! Estou feliz pela visita! Esse não é o local mais apropriado para nosso encontro, mas estamos diante de Irmãos nossos que necessitam de toda a nossa atenção e amparo. Irmão Bartolomeu, permita-me apresentar ao nosso Irmão Charles. Sou o Irmão Al-Kazim. Estou aqui para lhe conduzir até outra região onde outros Irmãos, em estágio de purgação de suas vaidades e egoísmos estão a negar a bondade de Deus. Irmão Charles! Fique a vontade para perguntar o que desejares, pois sabemos do trabalho que está desenvolvendo em conjunto com a equipe no nosso Irmão Bartolomeu. Estou orando por vocês já faz alguns dias. Pedindo a luz necessária para podermos aproveitar suas potencialidades a fim de levar aos Irmãos encarnados, o conhecimento de tais realidades. Nesse momento em que congraçamos nossos pensamentos, sob o louvor de Deus, que nosso Mestre Jesus lhes iluminem hoje e sempre!
Numa demonstração de carinho, que me fez volitar alguns centímetros do chão, agradeci e desejei que Deus também iluminasse o coração afetuoso do Irmão Al-Kazim.
Bartolomeu teceu breve elogio e agradeceu toda a atenção que nosso Irmão estava depositando, não somente em nós, mas para todos aqueles Irmãos que ali estavam habitando temporariamente.
Perguntei para Al-Kazim sobre seu trabalho na região.
-Sou um dos Irmãos trabalhadores que acompanham os que aqui se encontram. Nosso trabalho é buscar acelerar a saída dos que aqui se encontram. São muitas as vezes que nos aproximamos de diversos de nosso Irmão que aqui sofrem, para lhes intuir em pensamentos mais nobres. Conversamos, sempre que a oportunidade surge, indicando o caminho do bem e o pensamento na misericórdia divina. Buscamos demover as ideias que ainda trazem do aprendizado na Terra. Muitos aqui nesse lado onde nos encontramos, são homicidas e ainda carregam grande ódio no coração e desejo cego de vingança.
No que Al-Kazim terminou de falar, ouvimos gritos de ameaça bem à nossa frente, no interior de algo que parecia uma choupana, sem as paredes da frente.
Um homem apontava as mãos para outro, lhe ameaçando de morte. Paramos naquele momento. Al-Kazim pediu para aguardarmos, enquanto caminhou na direção daqueles dois. O homem que ameaçava com as mãos, parecia estar segurando uma arma de fogo. O outro gritava dizendo que já tinha matado toda a família do oponente e que agora não tinha mais medo de morrer; e dizia com ar de sarcasmo:
-Atira! Atira! Já matei tua esposa e filha. Já vinguei a morte do meu pai. Atira se tiver coragem!
Al-Kazim transformou-se naquele instante, assumindo a forma de um ancião, e se colocou entre os dois.
Começaram, então, a xingar Al-Kazim, que continuou imóvel entre os dois, apenas olhando para aquele que fazia gestos de estar segurando uma arma e ameaçando atirar no outro. Depois de algum tempo, os xingamentos diminuíram e Al-Kazim começou a falar com o homem que ameaçava:
-Então! Agora que você não atirou, agora que você decidiu não fazer uso da arma, quem sabe você a entrega para mim para que a mesma tenha o fim que merece. Você não vai fazer mais uso dela. Já faz dias que vocês dois chegam nesses termos e você nega puxar o gatilho. Quem sabe agora você deixa essa vingança de lado, pois o que está feito... está feito! Quanto a você Mohamed, busque pensar mais em Deus. Volte a orar como a Anastásia te ensinou. E não volte mais para esse lugar que te faz lembrar coisas desagradáveis.
Fato é que Mohamed saiu em disparada logo em seguida. Enquanto que o outro negou em entregar a suposta arma que ele achava que segurava.
Al-Kazim conversou por mais alguns instantes com ele. Acho que ficamos uns vinte minutos ouvindo o diálogo. Em seguida veio em nossa direção, assumindo a forma de antes.
-Irmãos! Bartolomeu e Charles! Não poderia ter perdido a oportunidade do atendimento. Certamente que tal acontecimento está nos desígnios de Deus. Charles. Tínhamos pensado em levar nosso Irmão até a outra área, mas agora estamos com o tempo comprometido.
Bartolomeu logo intercedeu.
-Irmão Al-Kazim! A oportunidade do seu trabalho foi de grande valia para nosso Irmão Charles. Situações assim não ocorrem a todo o momento e este foi um excelente aprendizado. Mostrando o quanto os Irmãos são capazes de carregar na Alma os desafetos e situações que lhes enrijecessem a consciência para o bem. Mas vamos até onde o tempo permitir...
Bartolomeu não chegou a concluir a frase, e logo se aproximou de nós o homem com quem Al-Kazim conversou.
-Você aí (dirigindo a fala para Al-Kazim). Não viu o senhor de idade?
Al-Kazim perguntou:
-Você procura aquele senhor que aparece por aqui falando de Deus e de perdão?
-Sim! Esse mesmo.
-Estou indo ao encontro dele, você deseja alguma coisa?
-Quero entregar minha arma para ele.
-Pois entregue para mim que eu mesmo levo para ele.
-De jeito nenhum. Eu mesmo quero entregar. Não quero que ela caia em mãos erradas.
-Então aguarde apenas um instante aqui mesmo. Vou chamá-lo até aqui.
O Irmão Al-Kazim se fez invisível para aquela entidade. Ela também, em nenhum momento enxergou ou percebeu a nossa presença; nem a minha e nem a de Bartolomeu.
Em seguida, Al-Kazim se posicionou ao lado do homem, já assumindo a forma de um ancião.
-Mustafá! Disseram que desejas falar comigo. Do que se trata?
-Sim! Quero lhe entregar minha arma.
O homem estendeu a mão em direção de Al-Kazim, como se estivesse segurando algo.
Al-Kazim fez o mesmo gesto, como se estivesse pegando algo, e disse:
-Muito bem, Mustafá! Agora peço que procure um lugar calmo e inicie a orar pela sua esposa e pela sua filha. Peça a Deus que as ilumine com muito amor. Peça, em suas orações, que Deus tenha piedade daquele que as matou. Ore com muita certeza na bondade de Deus. Para que todos estejam protegidos e amparados pela luz divina: sua esposa, sua filha e Mohamed. Logo a Anastásia vai lhe encontrar para te auxiliar nas orações. Agora vai! E acalma teu coração. Um grande passo destes hoje. Estou muito feliz por você.
Mustafá se afastou com um olhar ainda de resistência. Mas disse que estaria indo procurar um templo para orar pela esposa e filha assassinadas.
Bartolomeu comentou que o coração de Mustafá começara a se desfazer de amarras materiais de ódio e vingança; e complementou:
-Mas ainda levará algum tempo para Mustafá se desfazer do ódio completo contra Mohamed. Ambos se afastarão agora. Seguirão caminhos diferentes em direção ao esclarecimento. Mas quando o momento chegar, quando estiverem com consciência, se encontrarão na Espiritualidade para juntos encaminharem a próxima experiência na Terra. Charles! O que vimos hoje é uma dádiva. As circunstâncias nos oportunizaram momentos de encaminhamento espiritual. Não temos mais tempo hábil para descermos até a outra extremidade da região. Creio ser possível chegarmos ao máximo na divisa dela.
Al-Kazim, já assumindo sua aparência pontuou:
-Vamos levar nosso Irmão Charles para conhecer a fronteira que separa essas duas áreas da região. Mesmo tendo pouco tempo, vamos sem demora.
Enquanto volitávamos por decidas em declives acentuados, passei a perceber o quanto o ambiente ia apresentando formas mais desgastadas. A umidade também passou a dar uma forte impressão de desconforto. O chão era de lama coberta por musgo. Logo chegamos diante de barrancos enlameados, que mais pareciam trincheiras. Passamos por entre estreitas aberturas que davam caminho a corredores por entre os barracos. Não vi entidades ali. Mas a sensação naqueles corredores, com barrancos que deviam ter em torno de dois ou três metros, era de estar caminhando dentro de sepulturas abertas na terra, em uma região pantanosa.
Ao passarmos por essa área dos barrancos, volitamos por um extenso lago de água escura e viscosa. Ao chegarmos à outra margem Al-Kazim comentou:
-Irmão Charles! Passamos pela fronteira. Toda essa área de valos profundos e de pântano aquoso é a fronteira que divisa as regiões. Irmãos que estão aqui, não conseguem passar pela fronteira, pois se perdem no labirinto dos valos e acabam sempre retornando para a área pantanosa. Estamos sob o tempo. Charles! Agora temos de retornar, pois aqui já começa a escurecer e em sua cidade já amanhece.
A paisagem que estava na minha frente era de extrema vastidão de arvores ressequidas e mortas, com lama por toda a parte e fumaças em tom escuro concentradas em alguns pontos. Logo a escuridão tomou conta de toda a região. Como se a luz, que já era fraca, apagasse de repente.
Bartolomeu orientou para retornarmos para antes da fronteira. Assim meu retorno não se daria sob as condições umbralinas da qual estávamos saindo.
Volitamos sobre o pântano e sobre os valos, até iniciarmos, já além da fronteira, a subir o caminho em direção a cidade.
Bartolomeu ponderou então que não havia mais tempo. Meu retorno deveria ser imediato. E colocando a mão sobre minha cabeça, disse:
-Retorne agora, pois o despertador está tocando.
Eram sete horas de domingo.

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