quinta-feira, 14 de março de 2013

Experiência e perdão


Foi numa noite enluarada que decidi por em prática meu plano.
Antes eu me pus a orar e pedi ajuda aos anjos para consolidar o planejado. Meu objetivo era o de assassinar um fazendeiro que detinha diversos capangas para efetuar suas maldades.
Ao cumprir com esse objetivo, estaria levando o povo da maldade deste perverso homem.
O que eu não contava era com a precisão dos capangas.
Fui chegando até a casa do coronel Maurício. De entre tufos e brejos, passei despercebido por todos.
Minha única testemunha era a lua cheia.
Quando cheguei perto da janela do casarão, coloquei a garrucha de prontidão.
A luz das lamparinas da sala indicavam que o coronel estava na sala.
Fui chegando de mansinho. Puxei a pistola e levei ela até o sopé da soleira da janela.
Pus a garrucha no chão já pronta para o ataque. Mas quando levantei o rosto para verificar a sala, ouvi um forte estouro, um tiro.
Olhei para o chão, assustado, apreensivo de que a garrucha tivesse disparado. Mas o que vi foi o corpo de um homem com o rosto desfigurado.
Ouvi um dos capangas do coronel falar mansamente:
-Coronel! Esse foi conversar com Deus!
Meu plano não teve exito. E agora eu estava vendo meu próprio corpo no chão.
O pior foi depois. Minha visão ficou embaçada e tive a impressão de estar cego.
Gritos por toda a parte e o frio me faziam rolar pelo chão.
Foi assim meu martírio. Durante algum tempo senti as larvas roerem minha carne.
Fiquei na fazenda do coronel por muito tempo e fui motivo de chacota. Logo depois a casa grande do coronel foi dada como assombrada. Queria que revelassem meu corpo; que foi jogado pela jagunçada na vala do rio sanga, onde a sujeira do chiqueiro era despejada.
Depois de muito tempo é que me refiz da situação e perdoei meus algozes.
Refeito na Espiritualidade, perdoei cada um dos irmãos.
Hoje todos nós trabalhamos. Alguns deles já encarnaram, ou estão encarnados.
Eu também já encarnei depois daquela experiência.
Hoje, de volta à Espiritualidade, resolvi contar essa breve passagem de minha vida, que aconteceu no interior de Minas Gerais, lá pelos idos de 1930.
Milton Alves
Psicografado em 11 de março de 2013.

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