Estacionados ainda diante daquela grande montanha, Bartolomeu solicitou ao nosso piloto, Anastácio, que se aproximasse um pouco mais da praia, para observarmos o local de cerimônia religiosa dos pajés Tamoios.
Ficamos estacionados no ar, a aproximadamente vinte metros da pequena praia. Reparei de perto as características que se desenhavam na montanha. Pude ver com maior riqueza de detalhes, ainda em meio a escuridão da noite, que bem ao centro dela, havia uma trilha em meio a vegetação, desenhando uma estrada para o céu. Nesse instante, Bartolomeu solicitou ao nosso piloto que emitisse o raio de localização.
De baixo da nave, então, saiu um raio de luz como o farol de um carro, com a luz em tom de azul bem claro. Essa luz foi direcionada desde a água do mar até a pequena praia, desfazendo a escuridão. Quando foi iluminada determinada localização da praia, pude ver focos de luz igual a material fosforescente. Ali na areia, diversos focos dessa luz eram destacados pelo facho de luz da nave, como se a refletissem.
Bartolomeu explicou aquela fosforescência como resultante do magnetismo da fé dos Tamoios.
-Veja como a fé dos Tamoios deixou seu registro. Ali estão diversos despojos dos nativos, magnetizados em longas cerimônias religiosas. Nós vamos seguir a trilha desse magnetismo com o auxílio de nosso localizador. Você verá, dessa forma, todo o caminho que os pajés construíram até a região onde foi erguida a cidade Nosso Lar. Na tradição religiosa desses irmãos, quando desencarnava um Tamoio, a tribo presenteava o falecido com armas e objetos úteis para auxiliá-lo no caminho até o mundo espiritual, numa terra sem mal e onde estavam seus ancestrais. Essa seria uma jornada de perigo, de acordo com eles. Por isso, cabia ao desencarnado ter confiança em si próprio e coragem para enfrentar a jornada. Os pajés orientavam incansavelmente sobre a ligação mental que o desencarnado deveria fazer com os ancestrais, para auxiliar na jornada. Dessa forma, ao Tamoio, quando do desencarne, seu espírito não poderia ficar parado na sepultura, deveria mentalizar seus ancestrais e entrar na mata com a certeza de buscar o caminho para o Guajupiá, onde encontraria a aldeia espiritual na qual estavam vivendo seus ancestrais. O magnetismo dos ancestrais desencarnados, que oravam do plano espiritual pelo irmão que desencarnara, somado ao magnetismo da cerimônia de dança e canto, executado pela tribo e pelos pajés encarnados, ladrilhou uma trilha, da mata ao céu, que indicava ao espírito o caminho para a aldeia localizada na espiritualidade. Nós vamos seguir, agora, essa trilha magnetizada pelos Tamoios.
Nesse instante, a luz da nave passou a focar um rastro de amarelo fosforescente, de aproximadamente um metro de largura, muito semelhante a um corredor de cacos de vidro jogados ao chão. Na medida em que o foco ia acompanhando aquela trilha no meio da mata, subindo a montanha, a nave também começou a subir. A trilha tinha sua continuidade além do topo da montanha. Ela continuava numa montanha no plano espiritual. É como se aquela montanha da Terra se estendesse muito além do seu tamanho material.
Aquele magnetismo, destacado pelo facho de luz da nave, serpenteava toda a subida daquela montanha do mundo espiritual. Ao longo dela, pude notar que existiam diversas outras que a cruzavam. Porém, só o começo dessas outras trilhas era fosforescente, sua continuidade logo se perdia na escuridão.
Subimos muito. A praia se perdeu de vista. E entre a visão de uma montanha espiritual, também se via agora, lá embaixo, o continente e o mar. Logo percebi aquela fosforescência assumindo forma mais estendida no terreno, de forma que a trilha ia ganhando maior largura, já destacando que estávamos nos aproximando do topo da montanha espiritual.
Num determinado ponto, a montanha passou a diminuir sua verticalidade. Nisso a nave passou a andar para frente, como se estivéssemos subindo um morro de pequena elevação. A trilha não estava mais à nossa frente. Agora ela estava abaixo da nave. Andamos pouca distância nesse sentido e a nave reduziu sua velocidade. Foi quando vi a uns trezentos metros à frente, uma enorme muralha. Nesse ponto a nave parou. E dali, o facho de luz da nave percorria todo o terreno. Era possível ver por toda parte o brilho fosforescente. Também ali em cima a noite era mais iluminada. As estrelas tinham um brilho mais intenso e dava a impressão de estar olhando para um campo em noite de lua cheia.
Bartolomeu explicou, então, onde estávamos.
-O que você vê à frente, é a Cidade Nosso Lar. Seu muro parece hermeticamente fechado, sem porta de acesso. Mas ela está localizada naquele arco central que se destaca no muro. Como estamos na nave, nossa entrada será sem problemas, por sobre o muro. Paramos aqui para que o Anastácio estabeleça a conexão de frequência para ingressarmos na cidade.
Depois de um ou dois segundos, Anastácio disse ter recebido o itinerário aéreo a ser percorrido. Bartolomeu agradeceu a Deus e ao Anastácio pela oportunidade de me conduzir numa cidade que vibra amor.
-Obrigado nosso Pai amado pela oportunidade concedida. Obrigado a você Anastácio, por nos conduzir nesse plano de vibrações amorosas. Pai querido, encha de luz e amor o nosso irmão Anastácio.
É incrível o que uma oração, parecendo tão simples, pode fazer. No momento que Bartolomeu pediu luz e amor, pelo vidro da nave parecia entrar um vapor de luminosidade azul celeste com diversos fiapos dourados, como se fossem fios de mercúrio escorrendo pelo ar. Suavemente essas linhas douradas iam se desfazendo ao tocar em nós, como se estivesse sendo absorvida.
Anastácio agradeceu o carinho. Disse que era apenas um humilde e dedicado trabalhador, um pequenino servo de Deus.
Tive uma sensação de grande leveza. Meu pensamento ficou calmo com relação a toda curiosidade e ansiedade em conhecer a cidade Nosso Lar.
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