Análise de algumas
mensagens presentes em OBRAS PÓSTUMAS de Allan Kardec.
Foram muitos os
missionários que mantiveram a chama viva do Espiritismo desde a
partida de Allan Kardec para a Espiritualidade em 31 de março de
1869. Todos são dignos de nota e de respeitosa admiração. Todos os
missionários e missionárias que reverberaram os conhecimentos de
Kardec e mesmo aqueles que nos dias atuais levantam a bandeira da
Doutrina Espírita são dignitários das mais elevadas orações de
apreço e graça divina.
Quando Allan Kardec
concentrou seus esforços para conceber a Doutrina Espírita, foi-lhe
dito que sua missão seria concluída somente em próxima encarnação.
Em Obras Póstumas, a
missão de Kardec é apresentada em comunicação datada de 30 de
abril de 1856, com o título “Primeira Revelação de Minha
Missão”, e quando o Espírito comunicante deixa entrever que
Kardec já colocara os primeiros alicerces, mas
só depois de fatos sociais de renovação é que a missão de Kardec
teria seu desfecho.
Para o momento em que a
mensagem foi recebida e diante da visão temporal do encarnado,
embargada pela limitação da matéria que lhe circunscreve,
desconheciam o alcance da projeção futura descrita pela visão
dilatada do Espírito que pode prospectar, com certa precisão, os
acontecimentos futuros.
Na mesma Obras
Póstumas, a segunda mensagem sobre a missão de Kardec é escrita em
07 de maio de 1856 e tem como título “Minha Missão”. Nela,
outro Espírito confirma a primeira mensagem referente ao trabalho
missionário de Kardec e fornece maiores detalhes. A entidade
comunicante deixa clara a predisposição missionária de Allan
Kardec, destacando-lhe o desejo de foro íntimo, e lhe descreve sobre
os cenários futuros, incompreensíveis para o momento, pois o
Espírito descrevia acontecimentos numa faixa de tempo que
compreendiam além dos oitenta, cem e cento e cinquenta anos à
frente, abrangendo desde os acontecimentos da 2ª Guerra Mundial, bem
como o surgimento de uma nova era. Para a contemporaneidade, e diante
dos ensinamentos da Espiritualidade, essa nova era é contemplada
pela Terra já ter iniciado seu período de planeta regenerativo.
Sobre a Missão, nova
mensagem é ditada para Kardec no dia 12 de junho de 1856. Nessa
oportunidade as perguntas foram respondidas pelo Espírito Verdade.
Mais uma vez é confirmado o trabalho missionário de Kardec, que
deve estar assentado na discrição, na perseverança e na dedicação
ao bem e ao bom emprego das palavras e postura diante das agruras,
ataques e isolamentos. O Espírito Verdade lhe destaca que além da
inteligência é necessário agradar a Deus, sendo humilde, modesto e
desinteressado. Além disso, para lidar com os homens “são
indispensáveis coragem, perseverança e inabalável firmeza”, bem
como é necessário ser prudente e possuir o tato adequado para
conduzir os atos e a fala de modo conveniente. A missão, assim, está
subordinada às condições pessoais do missionário que se
fundamentam no devotamento, abnegação e disposição total ao
sacrifício.
Com data de 17 de
janeiro de 1857, Obras Póstumas apresenta mensagem com o título
“Primeira Notícia de uma Nova Encarnação”. Nessa, Kardec é
melhor orientado sobre a conclusão de sua missão no futuro, em nova
encarnação. A referida mensagem confirma as anteriores aqui citadas
e destaca as novas dificuldades que Kardec enfrentará na futura
encarnação:
[...]Mas,
ah! a verdade não será conhecida de todos, nem crida, senão daqui
a muito tempo! Nessa existência não verás mais do que a aurora do
êxito da tua obra. Terás que voltar, reencarnado noutro corpo,
para completar o que houveres começado e, então, dada te será a
satisfação de ver em plena frutificação a semente que houveres
espalhado pela Terra.
Surgirão
invejosos e ciosos que procurarão infamar-te e fazer-te oposição:
não desanimes; não te preocupes com o que digam ou façam contra
ti; prossegue em tua obra; trabalha sempre pelo progresso da
Humanidade, que serás amparado pelos bons Espíritos, enquanto
perseverares no bom caminho.
Em alguns momentos do
ano de 1859, Kardec efetuou no silêncio de seu escritório diversos
cálculos para mensurar o tempo necessário para os trabalhos de
consolidação da Doutrina Espírita. Em mensagem de 24 de janeiro de
1860, sob o título “Duração dos Meus Trabalhos”, Kardec
comenta sobre cálculos que fizera sobre a duração dos trabalhos de
concepção da Doutrina Espírita. Acreditava que teria ainda dez
anos de trabalho para concluir os fundamentos da Doutrina. Na
referida mensagem, após comentar sobre o recebimento de informação
de outro Espírito sobre sua projeção, Kardec recebe do Espírito
Verdade a confirmação sobre o período aproximado de dez anos para
concluir parte da sua missão. A precisão foi absoluta, pois Kardec
desencarnou em 31 de março de 1869.
O ano de 1860 foi de
recomeço para a Doutrina Espírita. Nomes hoje colocados como
autoridades que ladearam Kardec para fundamentar o Espiritismo e que
constam enxertados em diversos textos, divergiam dos encaminhamentos
assumidos por Allan Kardec e pelos Espíritos da codificação. Como
efeito, Kardec rompeu com esses nomes e reestruturou a Sociedade. No
dia 12 de abril de 1860, uma comunicação destaca positivamente a
ação de Kardec diante das pretensões equivocadas dessas
“autoridades”:
12
de abril de 1860
(Em
casa do Sr. Dehau; médium: Sr. Crozet)
(Comunicação
espontânea obtida na minha ausência)
MINHA
MISSÃO
Pela
sua firmeza e perseverança, o vosso Presidente desmanchou os
projetos dos que procuravam destruir-lhe o crédito e arruinar a
Sociedade, na esperança de desfecharem na Doutrina um golpe fatal.
Honra lhe seja! Fique ele certo de que estamos a seu lado e que os
Espíritos de sabedoria se sentirão felizes por poderem assisti-lo
em sua missão.
Quantos
desejariam desempenhar a sombra dessa missão, para receberem a
sombra dos benefícios que decorrem dela!
Ela,
porém, é perigosa e, para cumpri-la, são necessárias uma fé e
uma vontade inabaláveis, assim como abnegação e coragem para
afrontar as injúrias, os sarcasmos, as decepções e não se alterar
com a lama que a inveja e a calúnia atirem. Nessa posição, o menos
que pode acontecer a quem a ocupa é ser tratado de louco e de
charlatão. Deixai que falem, deixai que pensem livremente: tudo,
exceto a felicidade eterna, dura pouco. Tudo vos será levado em
conta e ficai sabendo que, para ser-se feliz, é preciso que se haja
contribuído para a felicidade dos pobres seres de que Deus povoou a
vossa terra. Permaneça, pois, tranquila e serena a vossa
consciência: é o precursor da felicidade celeste.
Em
mensagem de 10 de junho de 1860, sob o título “Minha Volta”, o
Espírito Verdade recorda Kardec sobre a continuidade da missão em
outra encarnação futuro. Fato é que os cálculos de Kardec sobre
seu retorno à carne careciam da visão elástica dos Espíritos
desencarnados, pois hoje podemos depreender das mensagens já
analisadas que sua encarnação para dar cumprimento a Missão se
daria somente após a 2ª Guerra Mundial. Esse período para o novo encarne
de Kardec percorre os anos entre 1945 e 1985.
É
no dia 22 de dezembro de 1861, sob o título “Meu Sucessor”, que
ocorre uma mensagem reveladora sobre o sucessor de Kardec. Nela
podemos hoje vislumbrar o Chico Xavier como sucessor de Allan Kardec,
sendo que em acordo com o conjunto das informações cotejadas sobre
o retorno do Codificador, fica apresentado que Chico Xavier, que
encarnou no dia 02 de abril de 1910, viria antes da nova encarnação
de Kardec. Na formulação da pergunta também está patente a
preocupação de Kardec sobre quem seria o sucessor, visto a ausência
de prováveis sucessores em sua época, mesmo tendo a tarefa
facilitada, já que as bases da Doutrina estavam fundadas. Na
resposta o Espírito informa que apesar da futura ausência de
Kardec, diante do seu desencarne, “aconteça o que acontecer, o
Espiritismo não periclitará”. É na sequência da mensagem que
identificamos o perfil de Chico Xavier:
[...]Sua
tarefa será assim facilitada, porque, como dizes, o caminho estará
todo traçado; se ele daí se afastasse, perder-se-ia a si próprio,
como já se perderam os que hão querido atravessar-se na estrada. A
referida tarefa, porém, será mais penosa noutro sentido, visto que
ele terá de sustentar lutas mais rudes. A ti te incumbe o encargo da
concepção, a ele o da execução, pelo que terá de ser homem de
energia e de ação. Admira aqui a sabedoria de Deus na escolha de
seus mandatários: tu possuis as qualidades que eram necessárias ao
trabalho que tens de realizar, porém não possuis as que serão
necessárias ao teu sucessor. Tu precisas da calma, da tranquilidade
do escritor que amadurece as ideias no silêncio da meditação; ele
precisará da força do capitão que comanda um navio segundo as
regras da Ciência.
Exonerado
do trabalho de criação da obra sob cujo peso teu corpo sucumbirá,
ele terá mais liberdade para aplicar todas as suas faculdades ao
desenvolvimento e à consolidação do edifício.
P.
— Poderás dizer-me se a escolha
do meu sucessor já está feita?
R.
— Está, sem o estar, dado que o
homem, dispondo do livre-arbítrio, pode no último momento recuar
diante da tarefa que ele próprio elegeu. É também indispensável
que dê provas de si, de capacidade, de devotamento, de desinteresse
e de abnegação. Se se deixasse levar apenas pela ambição e pelo
desejo de primar, seria certamente posto de lado.
Percebe-se
na resposta do Espírito a importância de Kardec enquanto
encarregado da concepção da Doutrina Espírita e a de Chico Xavier
o de executar com energia e ação a obra codificada por Kardec.
Chico Xavier utilizou-se de suas faculdades para desenvolver e
consolidar o Espiritismo de Kardec, conforme anunciado nessa mensagem
de 22 de dezembro de 1861.
Que
Deus ilumine a todos! E que Kardec, atualmente encarnado em novo
corpo, consiga levar a bom termo a sua missão.
Irmão
Aníbal
Mensagem
recebida em 18 de abril de 2012.