Foram tempos difíceis
quando do meu desencarne. Tive momentos de grande angústia, sofrimento e
profunda tristeza. O abalo emocional me provocou dores profundas na alma. Não
queria acreditar que minha vida estava encerrada. Não podia aceitar tão trágico
fim. A dor da partida, a dor do desligamento foi muito, foi atroz. Mas como
sempre dizem...tudo passa. E, de fato: tudo passou.
Fui acometido de câncer
que me consumiu rapidamente. E não devia, em meu íntimo, aceitar tal
desventura. Mas o câncer foi generoso, se assim posso comentar. Generoso pelo
fato de que quando se manifestou eu já estava com os dias contados. E tudo
diante da minha melhor faze da vida: a de ter uma família constituída e de
poder oportunizar a tranquilidade econômica e financeira adequada para meus
queridos familiares.
A doença, quando soube
dela, foi como um terrível golpe. Só pudera, não podia aceitar o trágico fim.
Sentimento de não poder mais nada fazer, mas apenas rezar e consolar-me com a
chegada da morte.
Quando de fato “morri
“entrei em uma tristeza profunda. Podia ver, ouvir e sentir os sentimentos dos
meus familiares. E tudo parecia que corroía ainda mais meu coração. Tive
momentos de choro compulsivo, sem ter controle algum sobre tal sentimento.
As lágrimas mais que me
lavaram. As lágrimas foram como balsamo em meu espírito, pois oportunizou
momentos de reconforto. Não podia aceitar tal desfecho, por isso do choro
compulsivo, incontrolável.
Mas fui acolhido pela tia
Lúcia, que se achegou até mim, trazendo um copo com água, e insistia para que
eu tomasse aquela água. Mal conseguia segurar o copo. E a tia Lúcia, então, com
um gesto de perfeita ternura materna, chegou ao meu lado e segurando minha cabeça
passou a me dar de beber daquele copo. A tia foi como luz, pois me fez
adormecer e descansar diante de tão forte sentimento de angústia pelo qual
passei. Acordei três dias depois, em um hospital. Ao meu lado estava a tia
Lúcia, acompanhando o meu sonho e também orando para o meu conforto.
Hoje já estou
restabelecido emocionalmente. Já tenho conhecimentos mínimos do porquê de tal
passagem pela dor e doença do câncer. Mas a grande sensação que ainda tenho é a
de não poder acompanhar, em vida, a trajetória de meus familiares. Claro que da
espiritualidade continuo acompanhando. Mas como fizera na Terra, não é a mesma
coisa.
Mas sem lamúrias ou
lamentações. Tudo faz parte do aprendizado Divino, e logo mais nos
encontraremos para que todos juntos voltem a sorrir e se abraçar; mas com uma
afetuosidade mais intensa, muito mais intensa que na Terra, muito mais
verdadeira.
Hoje, então, fica minha
pequena história, não para pedir socorro, pois esse eu tive da tia Lúcia, da
irmã Marilú, do primo Levi, do pai Amaro e de muitos outros amigos que aqui
chegaram antes. Mas fica a certeza de que a vida continua, e continua, sempre
no sentido do amor.
Se em determinada
circunstância o câncer me consumiu, foi por necessidade de aprendizado. Se
estou distante de determinadas circunstâncias da materialidade, são por
necessidade de segurança.
Portanto, quero afirmar:
- Estou Feliz! Muito
Feliz!
Estou na companhia de
fraternos e queridos irmãos e irmãs. E também orando para que a chegada dos
familiares da Terra, quando o momento for indicado, para que eu possa, com a
permissão do Pai, acolher e amparar. E saibam que esse momento de acolher e
amparar é um dos maiores presentes concedidos pela Espiritualidade.
Fiquem em Paz!
De um amigo.
Psicografado em 18 de
novembro de 2017.