Foi com essa frase que fui
recebida na espiritualidade. Fui chegando aos poucos perto dos que me chamavam
e percebendo que não fazia mais parte do mundo dos encarnados.
Fui espírita devotada.
Sempre frequentei a casa espirita e fazia todas as atividades que me eram
atribuída. Nunca procurei fazer mais do que me mandavam, pois tinha um pouco de
dificuldades no entendimento das coisas.
Outra coisa que me prendia
a essa dificuldade era de não ter uma mediunidade aflorada.
Fazia tudo com muita
dedicação, mas sem ter clareza de que algum espírito estava próximo de mim, ou
mesmo me intuindo, ou ainda me movimentando o corpo.
Mas como minha fé era
grande, sempre confiei de que os meus guias e mentores faziam a sua parte.
Ouvia diversas vezes as
pessoas falarem sobre os espíritos e suas manifestações. Participei de grupos
de desobsessão para dar o apoio, pois preferia apenas a ajudar os outros
médiuns.
Participei dos trabalhos
de cura, mas também só dando o apoio e nunca me envolvendo além do que me
orientavam. Tive sempre curiosidade de saber tais coisas, e de como elas
aconteciam, como a cura se fazia e como as pessoas envolvidas eram curadas
pelos médiuns.
Mas como não tinha a
mediunidade, tinha uma grande fé de que tudo estava correndo em conformidade
com a espiritualidade.
Com o passar dos anos, fui
ficando com o peso do corpo e com as dores e sintomas que só a idade pode
compreender.
As dores se tornavam minha
companheiras dia e noite. Mas o pior foi o câncer. E esse ficou evidente quando
da biopsia identificou não só a malignidade, mas também a proporção que tinha
já assumido.
Mas a fé não podia faltar.
O que faltou foi a visita
dos amigos e amigas.
Aqueles que se diziam
companheiro de jornada, esqueceram de me visitar quando fiquei acamada e com os
dias e horas a contar.
Mas não estou reclamando,
não! Estou apenas destacando sobre a situação amorosa que vivi e convivi.
Agora que do lado de cá
estou. Ou seja. Agora que estou na espiritualidade, posso perfeitamente
compreender tudo que vivi, e sobre tudo que na casa espirita não compreendia.
É maravilhosa a passagem
quando se dá com o mínimo de conhecimento. Naquela noite de inverno, no
hospital, quando as maquinas já apontavam a minha morte, vi a luz que se fez em
todas direções.
Ouvi uma voz doce e suave
a me chamar e a luz a me esquentar o peito, a me aquecer o coração.
Ora só! O coração passou a
bater calmamente, e uma leveza incrível se fez. Eu era livre, livre das dores e
do peso.
E as pessoas que me
chamavam eram amigas e amigos, familiares e queridas irmãs, que já tinham
falecido antes de mim. E alguns espíritas que conheci na casa, mas que já
tinham partido, também vieram ao meu encontro. E, nossa! Como é bela a chegada!
Como é gratificante o aconchego. Ao me chamarem fui deixando o quarto e me
achegando ao grupo de queridos.
E em abraços
confortadores, me pus a acarinhar os cabelos de minha mãe, como fazia quando
ainda ela me apanhava no colo, quando criança.
A vida na espiritualidade
não é de descanso e nem de férias. Nós nos dedicamos com muito mais trabalho e
dedicação. Mas sem o tão desgastante cansaço que abate sobre o corpo.
Hoje sei como se dá as
curas, os passes, as desobsessões e tudo mais que envolve os trabalhos
espiritas.
Quero deixar um grande
beijo para todos e todas que se dedicam ao trabalho de amor e caridade. E
saibam que é com muito amor no coração as recebemos juntas e juntos nos
trabalhos.
Fiquem com Deus.
Maria
Psicografado em 01 de
junho de 2018.