Durante quinze noites, fui levado para um estudo de observação sobre os desdobramentos dos encarnados. Conforme foram ocorrendo os desdobramentos, segui a orientação do mentor Bartolomeu e passei a observar como os mesmos se processavam nos encarnados. O objetivo do estudo era para eu entender um pouco sobre os sonhos.
Percebi que todos os encarnados observados durante o período de estudo realizavam o desdobramento – em completo estado de inconsciência – quando estavam em repouso. Ou seja, enquanto dormiam durante a noite, os mesmos estavam desdobrados. Muitos seguiam, em Espírito, para diferentes afazeres. Outros desdobrados ficavam em estado de dormência flutuando a uma pequena distância do corpo.
Diante das diferentes situações visualizadas durante o estudo, Bartolomeu esclareceu alguns pontos colocador por mim. Uma das questões que levantei em uma dada oportunidade era exatamente sobre a condição na qual encontramos as pessoas durante a noite:
-Ao longo de nossas visitas de observação, notei que alguns desdobravam, mas permaneciam junto ao próprio corpo. Por que essa situação?
-Charles! Você percebeu que todos os encarnados, quando dormem, realizam o desdobramento. Isso é fato e constitui uma das faculdades do Espírito. Durante o sono, é permitido ao Espírito se libertar temporariamente do corpo material e buscar exercer seu livre-arbítrio na Espiritualidade. Todavia, todos nós, indistintamente, estamos em processo de aprendizagem. Dessa forma, não cabe julgamento sobre os desejos a que nossos Irmãos e Irmãs, visitados em estudo, inclinam suas predileções. Observe uma situação peculiar. Quando você assiste a um filme que lhe afete os sentidos da imaginação, você passa a idealizar as cenas como se o personagem idealizado fosse você. Ou por outra. Uma determinada imagem do dia lhe fez recordar, no íntimo, os momentos prazerosos de um passado recente. Ocorre, então, com esses desdobrados adormecidos que ficam junto ao corpo, uma introspecção onde ficam sonhando sobre a cena idealizada.
-Pelo que entendi esses ficariam sonhado junto ao corpo?
-Certamente. Mas isso não é uma condição permanente. Como disse, ela decorre dos encarnados assentirem as condições diárias que lhes afetem os sentidos. Em especial as emoções. Em outras oportunidades esses mesmos que visitamos nessas condições estariam executando alguma atividade diversa de idealizar uma determinada emoção.
Durante as visitas de estudo também pude perceber alguns encarnados que ao desdobrarem seguiam para trabalhar junto de outras entidades da Espiritualidade. Outras seguiam para seus próprios trabalhos diários. E outras, ainda, se dirigiam para lugares de baixa condição moral.
Independente dos lugares ao qual se dirigiam os Espíritos durante o desdobramento do sono, observei que muitos ao retornar ao corpo não se acoplavam de imediato, mas ficavam bem próximo dele, lhe imitando a posição em que o mesmo estava sobre a cama. Observei que esses também, ao retornarem, ficavam adormecidos. Questionado sobre os fatos, Bartolomeu explicou:
-Nesses casos também ocorre o que lhe expliquei quanto aos desdobrados adormecidos junto ao corpo. Esses, ao retornarem, passam a recordar sobre as andanças realizadas na Espiritualidade durante o estado de desdobramento. Entretanto, nessas situações é comum ocorrer à mistura de cenas vivenciadas na Espiritualidade com imagens outras, que pode ser de filmes, lembranças ou o que lhe afetou a emoção no plano terreno, transformando esse num sonho carregado de situações desconexas. A maioria dos encarnados está nessa condição quanto aos sonhos. Decorrem desses últimos momentos que antecedem o despertar, as lembranças mais vivas classificadas como sonhos. Também decorre desse fato o caso de especialistas terrenos afirmarem que o sonho acontece momentos antes do despertar.
Um dos encarnados que acompanhamos durante o estudo, quando em desdobramento, dirigiu-se para um bar numa determinada região da cidade. Ali se reuniam diversas entidades encarnadas e desencarnadas que se deliciavam com o cheiro de álcool. Num dado momento, surgiram duas outras entidades encarnadas gritando contra essa que observávamos, exigindo o pagamento de determinada dívida. As mesmas se lançaram contra a outra gritando que o matariam. Imediatamente a entidade ameaçada desapareceu do local. Diante do sumiço da entidade que estávamos observando, Bartolomeu disse para irmos até a residência do mesmo. Chegando a seu quarto, encontramos o homem sentado na cama, desperto, com as mãos na cabeça e respiração ofegante, dizendo para si mesmo: Que pesadelo!
Nesses estudos de observação, pude depreender que todos os encarnados realizam invariavelmente o desdobramento inconsciente quando vão repousar o corpo.
Já quanto aos sonhos, reparei três situações, que assim classifiquei para meu entendimento:
Sonho idealizado: na qual a Alma fica desdobrada próxima ao corpo, em estado de introspecção, recordando emoções ou idealizações;
Sonho comum: quando a Alma realiza atividades diversas na Espiritualidade, mas ao retornar ao corpo, antes de acoplar ao mesmo, passa a recordar fatos e cenas terrenos que se confundem com a realidade vivida na Espiritualidade momentos antes;
Pesadelo: quando a Alma se depara com situações adversas e ameaçadoras, provocando forte emoção que ocasiona o acoplamento brusco da Alma ao corpo. Em alguns casos a Alma traz um pouco dos miasmas que promoveram a agressão, violência ou pavor, lhe dando a sensação de dor e elevando os batimentos cardíacos.