Em desdobramento, na madrugada de 19 de maio de 2011, o Mentor Bartolomeu conduziu-me para a cidade de Caxias do Sul. Chegamos à principal avenida da cidade, diante de importante escola localizada na região oeste. Nesse ponto, Bartolomeu solicitou para volitarmos e começamos a descer em direção ao viaduto, localizado logo abaixo de onde estávamos. Volitávamos a uns três metros do chão.
O motivo de volitarmos decorria do fato de haver grande quantidade de transeuntes na avenida. Assim poderíamos observar a movimentação das almas sem perturbar o transcurso das mesmas. As almas se deslocavam como se estivessem exercendo suas atividades diárias, indo ou vindo dos serviços terrenos.
Bartolomeu esclareceu sobre o estado das almas:
-Charles! Veja quantos Irmãos e Irmãs, durante o repouso do corpo, continuam apegados às rotinas terrenas e à suas atividades peculiares. Todos aqui parecem estar preocupados com os embaraços profissionais atinentes à vida terrena. Seria prudente aos encarnados aproveitarem as horas de descanso para unirem-se aos benfeitores espirituais e recarregarem suas forças para as rotinas diárias que cobram o desprendimento emocional dos bens materiais. Assim sofreriam menos. Muitos desses, ao despertar, levam consigo a fadiga absorvida durante o momento que deveria ser destinada ao repouso do corpo e enriquecimento do Espírito. Acordam cansados e não raras são às vezes a se queixar de noites mal dormidas. Mas vamos seguir, temos um encontro em uma Unidade da Espiritualidade localizada nas imediações dessa cidade e sobre uma região do umbral ainda desconhecida para ti.
Volitando agora a uns quinze metros do chão, fomos em direção ao estádio de futebol, passando por sobre o cemitério da cidade e, seguindo em frente, passamos sobre uma unidade dos bombeiros e de um posto de saúde. Ali viramos à esquerda e descemos a rua voltando a volitar próximo ao chão.
Duas quadras após o posto de saúde vi no alto, na minha direita, a aproximadamente uns cinquenta metros do chão, uma entidade que já havia visto em outras ocasiões. A entidade era diferente. De estatura baixa, trajava roupas brancas com bordados em prata. Pelo que percebi, tratava-se de uma mulher. Ao seu lado, também parado no ar, havia uma ave com plumagem também branca, sendo que na cabeça se destacavam penas prateadas. Era semelhante a um falcão, porém as penas eram muito longas.
Nesse momento em que olhei para aquela entidade, parei e questionei o Mentor Bartolomeu.
-Bartolomeu! Já vi aquela entidade em outro local e momento, durante nossas caminhadas. Afinal, quem é?
-Meu querido Irmão, nossa Irmã está nos acompanhando já de longa data. Trata-se de uma Irmã extraterrestre buscando aproximação com você. Ela recebeu permissão do Alto para iniciar essa aproximação. Já há muito ela e outros iguais labutam por um momento de reencontro. Apesar da evolução já atingida, ela está mantendo a imagem de uma encarnação em comum e útil para vossa aproximação.
-Bartolomeu! Você quer dizer que aquela entidade e eu estivemos encarnados em algum momento do passado?
-Sim! Mas não só ela. Outros também. Meu Irmão, não se impressione. Assim são as coisas na Espiritualidade. Sempre Irmãos e Irmãs que nos foram familiares buscam aproximação. Mas no seu caso o diálogo com essa Irmã e os outros que a acompanham à distância, ainda deve demorar mais um pouco. Hoje temos outra atividade e essa parada nos impossibilitou de presenciarmos a abertura do encontro.
-Mas eu não posso ao menos conversar rapidamente com ela. Saber quem ela é e de onde vêm?
-A permissão para esse diálogo está concedida somente após uma preparação do seu emocional. No momento apenas pode ocorrer à aproximação visual. Note que nossa Irmã apresenta fisionomia diferente dos Irmãos terrenos. Mas não tenha pressa. Assim como você, ela também deseja muito conversar com você. Porém, a paciência é uma virtude. Ela bem sabe da necessidade desse distanciamento necessário. Assim poderemos evitar qualquer tipo de choque em sua consciência. Mas vamos andando.
Contrariando as argumentações de Bartolomeu, disse que iria tentar aproximação. O Mentor concordou, dizendo que seria inútil a tentativa, mas que poderia tentar.
Passei a chamar a atenção da entidade que continuou parada no ar, apenas a nos observar. Imediatamente passei a volitar em sua direção. Mas como num piscar de olhos, ela e a ave sumiram.
Bartolomeu vendo a situação procurou contornar.
-Charles! Meu Irmão! Tudo no Universo obedece a uma ordem. Não seria diferente em seu caso. O Alto autorizou a aproximação com o objetivo também de lhe poupar por algum motivo que ainda lhe é desconhecido. Cabe a nós respeitar. Essa nossa Irmã também sabe disso e buscou proteger seu psicológico ao evadir-se de seu campo de visão. Posso te dizer que ela continua por aqui, a te observar. Mas deixe o momento amadurecer. Agora que estamos aqui, vamos para nosso destino.
Consternado pelo momento, consenti sobre a necessidade do tempo. Dali do alto onde estávamos, passamos a subir mais. Imediatamente o ambiente todo mudou. Entramos em uma região extremamente escura. O ar, carregado de umidade, tinha um cheiro de mofo. Espantado, sem poder ver nada, chamei pelo Bartolomeu.
-Bartolomeu! Onde estamos? Não vejo nada! É muito escuro aqui.
Logo senti a mão de Bartolomeu pegar a minha.
-Calma. Estamos atravessando uma região característica do Umbral, de extrema escuridão. Sua amargura, vivenciada há instantes com a entidade, pela desventura no desejo não atendido em conversar com nossa Irma, também contribuiu para acentuar as características desse ambiente umbralino. Mas já estamos chegando a uma importante Unidade da Espiritualidade com trabalhadores dedicados em resgatar nessas regiões de escuridão. Estamos atrasados para a palestra, de forma que vamos direto para a sala da conferência, sem mais demora.
Logo me vi entrando em uma sala muito acolhedora. Acredito que ali havia umas trinta entidades. Pude reconhecer algumas delas como encarnadas. Todos estavam sentados em cadeiras. Diante deles havia um senhor careca e de cavanhaque grisalho proferindo a palestra. Chegamos já no seu encerramento. O painelista estava falando de São Jerônimo, o leão e os ensinamentos deixados pelo nobre Irmão.
Ao lado, notei uma mesa onde havia alguns folhetos e livros disponíveis para serem levados pelas entidades. Atrás do painelista havia uma tela da proporção da parede, retratando São Jerônimo escrevendo, tendo a seu lado um leão.
Ao terminar a palestra as entidades ali presentes logo se retiraram. O painelista então se aproximou de mim e de Bartolomeu.
-Meu querido Irmão Bartolomeu! Que Deus lhe ilumine! Desculpe-me, mas não pude esperar a chegada de vocês. Meu querido Irmão Charles! Que Deus derrame muita luz em seu caminho! Perdoe-me! Sou seu humilde servo Irmão Antônio, instrutor das atividades aqui na Unidade Espiritual da Luz. Como temos diversas atividades de socorro e resgates nessa região, temos que trabalhar sem atrasos. Mas certamente nosso Irmão Charles irá aproveitar tudo que aprendeu nessa sua caminhada até aqui. Também sugiro que leias sobre nosso querido Irmão São Jerônimo.
Bartolomeu agradeceu ao Antônio e justificou o atraso como decorrência de ensinamentos que eu necessitava antes da chegada na Unidade. Disse também sobre a importância de eu conhecer sobre a Unidade Espiritual da Luz e a região umbralina onde são exercidas as atividades dos abnegados trabalhadores.
O Irmão Antônio destacou que aquela região era uma das mais escuras do Umbral, onde a dor e o sofrimento se somavam ao profundo isolamento a que se submetiam os Irmãos ao desencarnar. As atividades ali contavam com o auxílio de muitos trabalhadores encarnados, dedicados em seus Centros Espíritas, localizados na crosta, no atendimento fraterno, contribuindo com os trabalhadores espirituais da Unidade no encontro e resgate dos Irmãozinhos que naquela região deitavam.
Bartolomeu agradeceu a atenção do Irmão Antônio e pediu desculpas pela nossa chegada já no encerramento da palestra. Também eu pedi desculpas e tentei justificar ao explicar minha curiosidade sobre a entidade que vira momentos antes da nossa chegada na Unidade.
Irmão Antônio disse que não havia necessidade de explicações ou desculpas.
-Meu querido Irmão Charles! Guarde suas palavras de desculpas. Aqui está um humilde servo de Deus e sei muito bem que nosso Pai do Céu lhe concedeu uma valiosa oportunidade, muito maior do que ouvir minha palestra. Quem sou eu para questionar os desígnios de Deus? Siga em paz e que Deus ilumine seus caminhos.
Bartolomeu agradeceu o carinho e pediu licença para nos retirarmos. Para evitar minha passagem pela região do Umbral, Bartolomeu colocou suas mãos em minha cabeça e disse para eu voltar ao quarto dizendo:
-Charles! Volte ao seu quarto e me diga: Que horas são?
Imediatamente retornei. O relógio marcava 5h45min.