segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Irmãos superiores orientam os trabalhos terrenos

"Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estarei Eu no meio deles. (Mateus 18, 20)"
Foi com essa afirmativa que nosso Mestre Jesus orientou seus discípulos para os trabalhos de evangelização. Na Espiritualidade essa afirmativa segue a mesma proposta do Mestre Jesus. Sempre que nossos Irmãos e Irmãs se reúnem para aprender e estudar sobre a Espiritualidade e sobre a vida que ocorre nos diversos planos da Espiritualidade, ali estão Irmãos de muita luz a guiar as manifestações.
Todos os trabalhos seguem os preceitos do Evangelho. Sempre ocorre a interjeição dos conhecimentos divinos para haver a harmonização dos pensamentos dos Irmãos envolvidos na reunião. O propósito é estabelecer a sintonia de pensamento e de interesses entre encarnados e desencarnados.
A missão dos estudos se prende no intuito de promover a evolução dos Espíritos. Ali se estimula o conhecimento das teorias do Evangelho. Também são aplicados diversos fluidos salutares para estimular o desenvolvimento dos trabalhos práticos. Diversos pensamentos de caridade são soprados no ouvido de cada um, visando seu aprimoramento pratico e a aceleração de sua evolução Espiritual.
Nem sempre esse propósito é atingido. Ocorre, às vezes, que os Irmãos estão surdos para as praticas da caridade e desejam apenas conhecer sobre os estudos. De veras, temos que lembrar que a Doutrina Espírita, por envolver os aspectos da ciência em seu tripé, exige o desenvolvimento de trabalhos práticos. Aos desejosos de conhecer sobre a Doutrina, os estudos das diversas obras relativas aos conhecimentos Espirituais estão por demais disseminados.
Todavia, o ensinamento sobre Espiritualidade ocorre muito mais quando o é na prática. É nas ruas, em contato com outros Irmãos, sejam eles necessitados ou não, que se aprende a verdadeira Espiritualidade Cristã. É desenvolvendo a caridade, que necessariamente não decorre da entrega de bens materiais, mas da atenção dada aos Irmãos, que se terá o amparo da elevação divina.
No mundo atual, onde a vida parece tão atribulada, dedicar alguns momentos de atenção ao próximo, ouvindo-o, orientando suas emoções, lhe estimulando o equilíbrio e a fé, corresponde à caridade cristã e ajuda, em muito, no entendimento da Espiritualidade.
É no diálogo equilibrado que se dá a disseminação da fé e da caridade.
Sem duvida que temos de ler, estudar e esmiuçar os livros que tratam da Espiritualidade. Mas, para aprendermos na prática sobre Espiritualidade, temos o dever de aplicarmos diariamente o seu conhecimento, ouvindo o próximo e orientando-os no caminho do bem.
A primeira caridade que pode ser feita é a de receber bem a cada um que se aproximar de nós. Um bom dia, com um sorriso amistoso, já pode fazer a diferença. Mesmo que da outra parte não se tenha resposta ou sejamos ignorados. Mas se fizermos de coração, esse Irmão receberá fluidos salutares e em algum momento ele irá retribuir. Essa relação de afetuosidade ocorre todos os dias, a todo o instante, entre os irmãos da Espiritualidade Maior. É um vigoroso alimento para o Espírito.
Dentro desse trabalho de caridade, de estudo e prática de Espiritualidade, saibam que os Espíritos Superiores estão sempre a orientar. Se dentro do circulo de amizade esse exercício for colocado em pratica, certamente você será assistido e terá suas palavras e ações orientadas pela Espiritualidade Maior. Dentro dessa atividade a mediunidade estará em pleno desenvolvimento, pois se estabelecerá campos vibracionais onde o Irmão e a Irmã que assim o desejarem trabalhar, serão envolvidos pelos maiores beneplácitos de trabalho da Espiritualidade. Novos entendimentos lhe saltarão na consciência, fazendo-o visualizar conhecimentos maiores sobre a vida e a evolução do Espírito. Mentores lhe ensinarão no âmago da consciência e como consequência, antes mesmo que percebas, já estará desenvolvendo trabalhos mediúnicos sob a inspiração dos Irmãos da Espiritualidade Maior.
Vale recordar os dizeres de nosso Irmão Emmanuel, na abertura da obra “Nosso Lar”: “Em nosso campo doutrinário, precisamos, em verdade, do ESPIRITISMO e do ESPIRITUALISMO, mas, muito mais, de ESPIRITUALIDADE”.
De coração leve, vibramos alto e somos envolvidos pelos Irmãos das esferas superiores a nos ensinar sobre o caminho do bem, nos indicando os atalhos para chegarmos até Deus.
Irmão Miguel
Mensagem recebida em 26 de fevereiro de 2011.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Setembrino de Freitas

Eu sempre acreditei na imortalidade da alma. Mas acreditava que quando morresse, iria para o paraíso celeste.
Sempre fui um católico fervoroso. Ia para a Igreja quase que todos os domingos. Morei numa cidade do estado de Alagoas e o padre dizia que nosso sofrimento seria recompensado no céu.
Porém, o que encontrei depois de minha morte não foi nada disso. Para ser mais preciso, o que encontrei foi o vazio e a escuridão. Não estava no paraíso que tanto sonhei em minha velhice. Não vi Jesus Cristo e nem os anjos. Tinha sim um monte de pessoas como eu; perdidas.
Em todas as direções que eu caminhava, e eu caminhei muito naquele lugar, não me levavam a parte alguma. Caminhava na tentativa de encontrar algo e também para fugir das loucuras de outras pessoas que pareciam mais quere incomodar e me afugentar com suas insanidades.
Procurei até por um padre, na tentativa de ter alguma orientação.
Comecei, depois de algum tempo naquele lugar, a ficar louco. Mas na medida em que eu me tornava mais embrutecido, também ficava mais fatigado da situação. Ninguém sabia dar uma resposta sobre o que estava acontecendo. A única coisa que me vinha na mente era de que eu estava no inferno.
O fato de pensar de estar no inferno me fazia remoer meus sentimentos, buscando minhas faltas e o que fizera de tão atentador contra Deus para cair ali. Sim, me considerava um esquecido de Deus; uma vítima da situação.
Comecei a rezar para Deus, buscando pelo menos o alento do coração, já que a sede, a fome e o cansaço pareciam nunca ter fim, assim como não conseguia mais morrer, apesar das fortes dores de fome, onde sentia os ácidos do estomago ferverem como se estivessem me desmanchando por dentro.
Implorei para que os anjos do Senhor Jesus Cristo viessem me acudir. Tirar-me do inferno. Por diversas vezes vi sombras terrificantes a me atormentarem como se fossem demônios enfurecidos que me faziam temer ainda mais a minha existência naquele local. Corria sem rumo. Tropeçava por pessoas e coisas indescritíveis. Tudo era muito tenebroso. Todo o martírio que fiz em vida e todas as minhas confissões dos pecados praticados, de nada adiantaram para redimir minhas penas.
A realidade estava ali. Tudo que fiz em vida, o confessionário não me livrou. Acreditei que meus pecados seriam perdoados. Não foram. E agora eu estava sozinho, não tinha a quem recorrer e nem a quem delegar minha defesa. Não consegui afugentar aquelas coisas que me perseguiam. Ali era eu quem tinha que correr.
A loucura foi tanta, que quando comecei a me esconder por entre brechas de rochas, por entre barrancos escuros, me punha a rezar como nunca fiz antes. Rezava com meu coração. Quando fazia isso, sentia maior conforto em meu estômago. De alguma maneira, a oração me fazia esquecer que estava com fome e sede. Sempre depois da reza vinha o sono, que me restabelecia as forças.
Mas nem sempre ficar entocado era uma medida segura. Não raras foram às vezes em que fui acordado aos gritos horrendos de pessoas que mais pareciam monstros. Gritavam coisas horríveis contra mim e me faziam correr, por puro prazer de me atormentar.
Certo dia vi um homem diferente. Corri na sua direção e pedi socorro. Chamei-o de anjo do Senhor e pedi para que me levasse dali. O homem, num gesto de calma e com palavreado manso, disse que faria o possível, mas que naquele instante eu deveria me acalmar. Logo chegaram mais homens e mulheres iguais a ele. Esses que iam chegando, traziam outras pessoas que estavam nas mesmas condições que eu. Todos iam se acomodando ao meu lado.
Vendo aquela situação, comecei a ficar mais tranquilo, pois a certeza de ir embora estava cada vez mais concretizada. Logo estávamos num grupo de mais de trinta maltrapilhos e esfomeados como eu.
Um homem, que parecia ser o chefe orientou para levantar o grupo e seguir para a cidade Nova Luz, disse para não perdermos muito tempo, pois falanges estavam se aproximando e poderiam provocar a dispersão do grupo.
Enquanto eu e outros caminhávamos, ladeados pelos nossos benfeitores, outros estavam sendo levados em redes. Quando atingimos uma região mais iluminada, pude ver melhor o meu corpo. Meus pés e mãos estavam muito machucados, com muitas feridas abertas. A impressão que tive era de que o sangue não parava de correr pelas feridas. Vendo aquilo, comecei a chorar como nunca. Eu estava transformado. Completamente imundo, maltrapilho e cheio de feridas. Uma das benfeitoras me acudiu, solicitando a calma necessária, visto que a distância ainda era longa até a chegada ao hospital da cidade.
Mas não conseguia me conter e a benfeitora teve que me amparar. Por algumas vezes, a minha fraqueza e o meu pranto fizeram o grupo parar. Meu choro era pelo que fizera comigo mesmo. Não culpava ninguém. Se eu estava naquela situação era porque eu não me cuidara naquela região de trevas.
Para solucionar minhas constantes paradas, o chefe solicitou para dois benfeitores me levarem na rede. Quando deitei nela, a benfeitora limpou meu rosto de todas as minhas lágrimas e eu acabei adormecendo.
Acordei uma semana depois, no leito de um hospital, com a luz do sol atravessando a janela do quarto onde eu estava. Como foi gratificante aquele despertar com a luz do sol. Já fazia um bom tempo que eu não o via mais.
No hospital tive o melhor atendimento possível. Fui curado de todas as minhas enfermidades, de todas as minhas feridas. Passei a vestir roupas limpas, e recebi o alimento reconfortante que me trouxe a paz tão esperada: o estudo do Evangelho.
Setembrino de Freitas
Mensagem recebida em 24 de fevereiro de 2011.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Irmão Arrependido

Foi em dezembro de 2001 que tive acesso aos conhecimentos dos abnegados irmãos da espiritualidade maior. Até aquela data, minha vida estava dividida em duas situações bem distintas. Uma era a necessidade de fazer transformações fluídicas relacionadas à matéria. Buscava com isso satisfazer meus desejos carnais. Tentava desenvolver líquidos etílicos, capazes de me embriagar. Outra necessidade se referia ao desejo, quase que cego, de violentar pessoas que eu odiava quando encarnado. Emitia todo meu pensamento de ódio e raiva contra a pessoa, a ponto de promover severas perturbações em seu campo de trabalho e familiar. Tinha, diante disso, o prazer de ver aquelas pessoas sofrerem a minha influência, sem perceberem a minha presença.
Em dezembro de 2001, um desses que eu influenciava severamente, procurou uma Casa do Espiritismo. Cheguei com ele junto à porta do Centro. Tentei retirar de sua consciência a vontade de entrar na Casa. Fiz de tudo. Falei de tudo para demover a ideia de entrar naquela Casa. Mas meu esforço foi em vão. Ao chegarmos à porta, desejei abandoná-lo ali mesmo, seguir o meu caminho e deixar aquela criatura seguir o caminho dela. Mas foi aí que apareceram duas senhoras. Elas vinham na direção da Casa do Espiritismo e me abordaram a poucos metros da entrada. Uma delas chegou bem perto de mim e disse que ali dentro eu poderia desabafar sobre meu sofrimento e minhas angústias. Inclusive eu poderia aprender sobre outras formas de manipular os fluidos.
De imediato duvidei das duas senhoras. Tive como primeira impressão a ideia de estarem me iludindo com aquelas propostas de manipulação dos fluidos e de desabafar minhas angustias.
Disse para elas que estava bem e que ainda tinha algumas dividas para cobrar de outras pessoas.
Daí uma delas disse que minha mãe havia estado naquela Casa do Espiritismo e deixou uma carta para ser entregue a mim mesmo, e que essa carta mudaria minha vida e eu entenderia o porquê das minhas angustias e raivas.
Passei então a fazer perguntas que viessem a confirmar a verdade sobre minha mãe. Perguntei sobre a idade em que minha mãe havia desencarnado. Responderam certo; foi com 82 anos. Perguntei então sobre o ano de seu desencarne. Também responderam certo; foi em agosto de 1993.
Aí fiquei desarmado. Perguntei então se haviam conhecido minha mãe. Uma delas disse que conhecia muito minha mãe e sabia de todas as dificuldades que ela teve em cuidar dos filhos. Que ela trabalhava como costureira para tirar o sustento diário.
Diante de tantas afirmativas que me faziam recordar os momentos de alegria e sofrimento que tive com minha mãe, e que sua morte havia me deixado completamente transtornado, disse para aquelas senhoras que até entraria na Casa. Mas se não gostasse do visual, sairia imediatamente.
As duas senhoras ficaram ao meu lado e me conduziram para dentro da Casa. Já adentrando, passamos por um corredor e entramos num auditório. Nas diversas cadeiras estavam muitas pessoas, inclusive aquela que eu perturbava insistentemente. Ele estava de cabeça baixa, com as duas mãos tapando o rosto. Vendo aquilo, confesso que fiquei um pouco constrangido. Sim, pois aquele indivíduo sempre pareceu muito forte e decidido. E agora, ali, estava completamente fragilizado.
As duas senhoras me apontaram uma porta que ficava no fundo do auditório, quase junto de uma mesa com cadeiras. Disseram que lá dentro estava a carta de minha mãe. A curiosidade de saber o que minha querida mãe havia deixado escrito mexia com meus sentimentos mais nobres. Eu, a cada passo, parecia me tornar uma criança ansiosa, como nos tempos de infância quando aguardamos pelo presente do Papai Noel.
Entramos porta adentro. Ali havia outras pessoas. Algumas estavam de pé, falando com outras que estavam sentadas. Essas eram pessoas encarnadas. Havia ainda um grupo de entidades que estavam numa sala ao lado, todas elas com aspecto repugnante. Mas foi para junto daquelas entidades repugnantes que aquelas duas senhoras me levaram. Disseram para eu aguardar dois minutinhos ali, pois iriam pegar a carta.
De fato, foram bem rápidas. As duas senhoras me chamaram para a sala onde estavam as pessoas encarnadas e pediram para eu sentar na cadeira. Ali, uma delas, segurando um papel dobrado na mão, me olhou profundamente e disse para eu ler com o coração a carta que minha mãe deixara. Enquanto eu pegava a carta para ler, um homem encarnado, que estava de pé, disse para outro que se dirigia até a porta, para esperar um pouquinho antes de encaminhar o próximo irmão.
Não dei muita atenção e abri a carta. Vi que a caligrafia era dela; de minha mãe. Na carta ela me chamava pelo apelido carinhoso. Passei a sentir uma profunda vergonha do que havia feito. Ela dizia para eu ter misericórdia das pessoas que caçoaram de mim e que me prejudicaram profundamente. Disse que encaminhou a carta por duas amigas sinceras, comprometidas em me encontrar. Que sua ausência se justificava, pois estava muito atarefada em organizar a casa para me receber. Senti minha boca ficar seca. Estava eu recebendo informações da pessoa que mais admirei em minha vida.
Nem cheguei terminar de ler e vi entrar pela porta aquele indivíduo que tanto odiava. Ele sentou numa cadeira que estava quase junto de mim. Segurando a carta, fiquei olhando para ele, a fim de ver o que ele estava fazendo ali. Mas o homem de pé, se posicionou quase na minha frente e pediu para eu falar.
Ora essa, naquele momento pensei se tratar de mais uma chacota para cima de mim. Daí as duas senhoras disseram para eu ficar ao lado de uma mulher que estava na minha esquerda. Sentei bem perto da mulher encarnada, que começou a se contorcer na cadeira. Uma das senhoras pediu para eu contar qual o meu sentimento com relação aquele homem que estava ali, aquele que eu tinha prejudicado e perturbado longamente.
Minha cabeça estava ainda confusa com toda aquela situação. A carta de minha mãe, pedindo para eu amar os que me prejudicara e trabalhar sempre pelo amor ao próximo, doando meus esforços ao bem, e aquele pobre coitado parecendo um trapo velho, ali, sentado e sempre de cabeça baixa.
Quando passei a falar, percebi que aquela mulher encarnada ao meu lado falava juntamente comigo, como se fosse um eco. Senti alguém colocar algo sobre mim, que parecia um cobertor térmico, pois me aqueceu e parei de sentir frio. Isso me trouxe um conforto que já não sentia há muito tempo. Depois, passei a falar como nunca havia falado antes. Contei toda minha raiva sobre aquele homem que estava ali, sentado. Mas o outro que pediu para eu falar começou a dizer que era chegado o momento de paz e de perdão. Disse para eu seguir as duas irmãs que estavam comigo, pois elas me levariam para uma região de conforto e de encontro com minha mãe. Fiquei espantado com as palavras daquele homem. Depois, bem atrás dele, junto da parede, uma luz parecia abrir uma porta. Foi quando me prostrei. Comecei a chorar como uma criança, falando da saudade de minha mãe e pedi desculpas por todo o sofrimento que causei. Não sei ainda explicar o que estava acontecendo comigo. Mas a verdade é que ao contar sobre minha raiva, desabafei toda uma angustia que me corroia por dentro.
Aquele ambiente confortável, juntamente com aquele homem que falava comigo, me dando estímulo e esperança, coisa que nunca tive depois que minha mãe se foi, me encheram de conforto. O calor que senti depois de tantos anos passando frio desconcertante, também me refez a consciência.
Mas aí fiquei sabendo de algo muito doloroso. Senti uma forte dor no fígado. Ao mesmo tempo em que gemi de dor, a mulher ao meu lado também reproduziu minha dor. Tentei gritar de dor, mas algo me impedia e o gemido mudo era tudo o que eu conseguia. Olhei para meu corpo e vi uma enorme ferida, um buraco. O meu fígado estava completamente destruído e com uma cor horrível. Uma das senhoras, vendo eu me contorcer de dor, colocou sua mão sobre meu ferimento, o que aliviou meu sofrimento. Já o homem de pé, disse para eu, a partir daquele momento, seguir o caminho do amor e largar o álcool. Que eu reparasse a forma prejudicial da ação do álcool sobre meu corpo. Aí ele passou a falar o que considerei as palavras mais importantes para mim. Ele disse:
-Meu irmão! Hoje você traz alegria para sua mãe que lhe aguarda a muito. Chegou seu momento de esclarecimento e essas duas irmãs concretizaram o seu resgate. Elas são irmãs de muita luz e vieram em nome de sua amada mãe. Segue agora com elas, pois seu leito hospitalar está pronto para curar essa chaga do álcool. Em breve irmão, desejamos contar com seus préstimos nessa Casa. Agora, sobre o perdão sincero, fechando esse ciclo de ódio e de perseguição, acompanha essas duas irmãs às regiões de luz. Que Jesus Cristo lhe acompanhe todos os momentos de sua vida na eternidade. Vá em paz.
As duas senhoras me ampararam no momento que tentei ficar em pé. Senti-me muito fragilizado naquele momento. Um pouco adormecido também.
Enquanto eu era levado para aquela porta de luz, pude ver o homem que tanto prejudiquei falar para Deus me iluminar. Eu não tinha mais forças para falar ou responder. O homem de pé disse para ele que a obsessão havia terminado.
Quando atravessamos a porta de luz, eu desmaiei. Acordei dois meses depois, numa cama de hospital, onde passei a receber tratamento para recuperar meu fígado. Perguntei, ainda sentindo os olhos pesados, sobre minha mãe para a primeira enfermeira que se aproximou de mim. Sem conseguir me movimentar muito, parecendo que estava colado na cama e sentindo muitas dores, a enfermeira me acalmou e disse que minha mãe estava vindo. Foi o suficiente para eu cair novamente no sono.
Quinze dias depois, acordei e já me sentia melhor. Naquele dia fui informado que minha mãe vinha me visitar no final da tarde. Fiquei muito ansioso pelo reencontro.
No final da tarde, sentei na cama para aguardar minha mãe. Meu ferimento já estava quase completamente curado. Na área externa, onde se localiza o fígado, agora havia apenas um vermelhão.
Enquanto eu, sentado na cama, olhava a beleza do entardecer, vi a porta do quarto se abrir. Era minha mãe a entrar. Não consegui mais me conter e quase caindo da cama. Fui amparado nos braços dela em minha completa exaustão de forças e num copioso choro que me lavava o rosto completamente.
Minha mãe chorava junto comigo. Mas só em poder estar junto da pessoa que mais me amou na vida, me enchia o coração de uma alegria que me descontrolava os sentidos.
Minha querida mãe disse que havia trabalhado incansavelmente pelo meu resgate. Que conseguira, com sua dedicação, um excelente local para eu trabalhar e recuperar minha vida de desventuras. Depois desse encontro, recebi alta e fui morar com minha mãe.
Atualmente trabalho na mesma Casa do Espiritismo que me acolheu. Sou auxiliar das equipes médicas e minha função é de elaborar os compostos fluídicos nos processos cirúrgicos.
André
Mensagem recebida em 21 de fevereiro de 2011.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Fundamentos do Desenvolvimento Mediúnico

Aos queridos irmãos e irmãs, que a paz de nosso Pai Celestial esteja presente em vossos corações.
...
O trabalho mediúnico deve ser desenvolvido com muita calma, com muita paciência. O médium deve trabalhar conscientemente pelo desenvolvimento que ocorrerá ao longo do tempo; onde receberá os conhecimentos precisos.
Para melhor desenvolver a mediunidade, o médium necessita fazer a caridade. Tratar da consciência íntima. Para isso, os principais guias de todos os dias são: Amar a Deus sobre toda a coisa e fazer aos outros aquilo que queiramos que eles nos façam. Deve-se amar ao próximo como a nós mesmos. Mas isso deve ser de coração; já aí um desenvolvimento.
Diante das atribulações diárias, o médium deve deixar todas as dificuldades de lado e enfrentar sempre com fé firme em Deus, no Pai Celestial. É Ele quem dá o conhecimento necessário, cura a alma e o corpo, garantindo a saúde espiritual e física para enfrentar melhor os caminhos da vida.
O médium deve ter muita confiança no Alto, nos amigos mensageiros do bem. Deve retirar todas as tentações de sua consciência e pensar no amor ao semelhante, aos irmãos. Procedendo assim, não faltará proteção.
Caminhas firme no bom caminho, na estrada da vida.
Quando estiver sem uma resolução perfeita, se concentre e peça ao Alto, que Deus mandará um espírito amigo para orientar em tudo que for necessário.
Quando visitar um enfermo, um necessitado, acolha-o com muito amor, com muita caridade, dando-lhe palavras de muito conforto, de muito amor, de muita prosperidade.
Quando se achegar um irmão irritado para vosso lado, que não lhe diga respeito à moral, receba-o com calma; não o retruque. Mas faça uma oração para ele.
Nunca pague o mal com o mal. Sempre quando lhe fizer o mal, pague com o bem.
A mediunidade é para isso. E o médium não é só para os espíritos e irmãos abnegados. Os médiuns, a fim de fazer caridade, devem desenvolver afinidades com todos os irmãos, principalmente para com aqueles que mais necessitam, para os sofredores, até para aqueles que são negativos, que queiram lhe fazer mal. Agindo assim, o médium estará praticando a caridade espiritual.
Mensagem de um irmão muito amigo,
Um Mensageiro do Bem e da Paz!
Adolfo Bezerra de Menezes

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Um Carteiro do Mestre Jesus

Meus queridos! Que a paz de nosso Senhor Jesus Cristo esteja convosco!
Venho de muito longe, no tempo, trazer um pouco do que tenho aprendido ao longo das muitas vidas. Não tarda o momento de nova jornada. Para os espíritos desejosos de evoluir em direção a Deus, o tempo está sempre batendo a nossa alma, nos chamando para novas atividades e experiências. Em cada uma delas, nós compreendemos um cadinho de coisas necessárias para nosso aprendizado. Nosso maior mérito é o de conhecer o Evangelho e sorver as palavras de fé que ali estão escritas.
Quando desencarnamos, após cada uma das experiências na carne, sempre nos deparamos com a infinita bondade de nosso pai, que nos coloca diante de nós mesmos o resultado do que fomos e do que fizemos. A relação de causa e efeito nos impulsiona em redobrar nossos cuidados e nos dedicarmos mais ao próximo, deixando um pouco a nossas vontades e a nossa proposta de felicidade terrena, de lado. A dedicação ao próximo é a maior riqueza que colhemos quando chegamos aqui no plano espiritual.
Qual não foi minha alegria, ao chegar à cidade tão bonita e receber as vibrações de amor de tantos irmãos e irmãs da qual compartilhei por alguns segundos a dor e o sofrimento, que era lavado com a luz do Evangelho e das mensagens dos queridos entes que já haviam partido.
Não sobrou muito tempo para me dedicar aos meus caprichos, mas valeu a pena me dedicar, de corpo e alma, aos queridos e amorosos irmãos terrenos.
Hoje, depois do merecido descanso, a jornada de um carteiro terreno começa a retomar a estrada, trazendo novamente a esperança e a fé nas comunicações e nas luzes que nosso Pai derrama a todo o instante sobre cada um de seus filhos.
Quero deixar a certeza de que a vida é muito mais que a nossa jornada terrena, ela também é o somatório do que deixamos na espiritualidade e também sobre o que pensamos durante nossa jornada na Terra.
Quisera eu que todos tivessem a certeza do amor ao próximo e a Terra estaria iluminada no amor de Jesus, resplandecendo a glória do santíssimo.
Na caminhada terrena, desse carteiro de Jesus Cristo, ficou a certeza de que cada um de nós sabe amar, sabe perdoar, sabe ter fé. Porém, cada um de nós também deve ter a paciência necessária para esperar o tempo certo. Deus dá para todos nós o tempo certo para expressarmos os nossos melhores sentimentos. Se aquele que nos propiciou momentos de angustia e sofrimento ainda não se aproximou, é porque ainda não chegou o tempo certo. Se nós ainda não tivemos a coragem necessária para nos aproximar de nossos desafetos e pedir o perdão reconfortante da consciência arrependida, é porque ainda não chegou o tempo certo.
Lembrem-se, as cartas sempre chegam ao endereço certo. O que pode ocorrer é de que o morador já tenha mudado de endereço. Mas a carta segue e o carteiro pode levá-la até seu verdadeiro destinatário.
Mandem para mim todas as cartas de amor, de perdão, de amizade, fraternidade, desculpas, saúde, esperança e fé, pois entregarei cada uma delas ao respectivo destinatário. Nosso trabalho de misericórdia é servir sempre aos irmãos necessitados, unindo corações e levando o perdão e a reconciliação entre os irmãos.
Guardar mágoas não ajuda no crescimento do nosso espírito. Deixamo-la de lado.
Guardar rancor, só trás mais aborrecimentos.
Guardar ódio deixa nosso coração palpitante a ponto de enfartar.
Vamos nos desprender um tiquinho só da matéria e buscar a vida mais leve e mais espiritualizada. Vamos nos dedicar em perdoar sempre. E se quiser começar agora, me entre a sua carta de perdão, de amor, de reconciliação, e a levarei para o destinatário. E lembre, sempre que se acende uma vela para alguém, o primeiro a ser iluminado é aquele que a acendeu.
Um Carteiro do Mestre Jesus
Mensagem recebida em 18 de fevereiro de 2011.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Escola da Espiritualidade: palestra sobre Religião, Filosofia e Ciência

Na madrugada de terça-feira, 15 de fevereiro de 2011, fui levado para um encontro de introdução aos estudos do Espiritismo. O encontro estava ocorrendo em uma das salas da Escola da Espiritualidade, na cidade de Porto Alegre. Na sala estavam cinco espíritos em estado de desdobramento e outros dois espíritos. Perguntei ao mentor Bartolomeu o motivo de ter me levado para um estudo introdutório da Doutrina Espírita.
-Charles, sempre tem algo novo para aprendermos. Mesmo aqueles que já leram todas as obras de Allan Kardec, que já possuem profundo conhecimento do pentateuco do codificador, o estudo não pode parar. Revisar as bases da Doutrina contribui para abrir novos horizontes e ampliar o entendimento. Aqui estão cinco irmãos encarnados que iniciaram os estudos introdutórios da Doutrina Espírita. Hoje o Irmão Arnaldo complementará os estudos que esses irmãos encarnados tiveram na Casa Espírita terrena. Está em pauta o tríplice aspecto do Espiritismo: Religião, Filosofia e Ciência. O Irmão Arnaldo é conhecido pelos belos exemplos comparativos que utiliza como metodologia para fixação do conhecimento.
Entramos na sala enquanto a palestra transcorria e nos sentamos ao fundo, sem perturbar o andamento da explanação do Irmão Arnaldo. Apenas a outra entidade que estava ao lado de Arnaldo nos assentiu com a cabeça. Explanava o painelista:

-O Espiritismo estabeleceu o processo evolutivo do Espírito na encarnação terrena ao congregar doutrinariamente a Religião, a Filosofia e a Ciência. Durante centenas de anos a Religião na Terra era condicionada apenas no acreditar sem raciocinar sobre Deus. Para se ter uma compreensão de tal realidade, basta recordar que a Filosofia surge na Grécia Antiga separada da Religião, quando os pensadores da época remota estabeleceram a Razão como guia explicativo da natureza e questionaram os atributos e as explicações dadas pela Religião. A Filosofia, ao estabelecer a proposta da dialética, ou seja, das contraposições de ideias, fez nascer, centenas de anos depois, a Ciência, que por sua vez distanciou-se da Religião ao propor a comprovação da experiência. Allan Kardec, em meados do século XIX, ao receber diversos cadernos contendo perguntas com respostas de origem espiritual, se dispôs ao trabalho de codificar as informações, não sem antes pesquisar sobre a veracidade das mesmas. Estava nascendo a unificação da Religião, Filosofia e Ciência. Kardec não se entregou cegamente ao trabalho de dar ordem às perguntas e respostas. Sua determinação foi de buscar os princípios norteadores que estavam presentes naqueles fenômenos envolvendo a comunicação com os Espíritos. Portanto, o mestre da codificação foi além da pura reflexão religiosa, ele somou ao seu trabalho o pensamento filosófico, argumentando, por meio da razão, os atributos presentes nas comunicações que, ao testá-la por diferentes maneiras, somou na sua metodologia de argumentação, reflexão e análise, os princípios científicos visando à comprovação dos fatos. Sendo assim, Kardec soube conduzir o maior avanço de todos os tempos da humanidade. Ele integrou Religião, Filosofia e Ciência, proporcionando ao Espírito encarnado seguir esse mesmo caminho para a evolução. Pode-se dizer que o Espiritismo encarnou o tríplice aspecto ao ponderar que: Pelo aspecto religioso, não basta apenas conhecer a palavra de Deus, devemos praticá-la. Pelo aspecto filosófico, não basta conhecer e praticar a palavra de Deus, tem que raciocinar em busca da evolução. E pelo aspecto científico, para evoluirmos até Deus, temos que conhecer, praticar, raciocinar, ver e sentir, por todas as nossas potências, a obra de Deus. Dou para vocês um exemplo desse processo envolvendo o tríplice aspecto. Vocês todos assistiram o filme Matrix.

Quando o Irmão Arnaldo falou sobre o filme, uma grande tela se fez visível, onde apareceram cenas do filme Matrix. Ele foi explanando e as cenas iam surgindo conforme seus apontamentos.

-Nesse filme, o personagem Neo aparece em meio da Informática. Digamos que tudo correspondente ao universo da Informática, nesse filme, esteja representando uma Religião. Mais. Digamos que a Informática no caso do filme em tela seja a Religião. Nesse caso Neo surge como um exímio conhecedor dessa Religião, mas ele não ia além disso. Neo desconhecia qualquer outro tipo de pensamento sobre essa Religião. Para mudar sua maneira de seguir cegamente aquela Religião, surgiu um chamado na tela de seu computador, dizendo para ele seguir o coelho branco. Neo estava sendo chamado para a racionalidade, para a Filosofia. Vejam nesse quadro que ele ao atender a porta, se desloca e pega um livro. Vejam o título: “Simulacros e Simulação”. Trata-se de um livro escrito por um filósofo. Esse livro questiona a sociedade ao afirmar sobre um mundo real desvinculado de origem e de realidade. Vejam que ele tira do interior desse livro o disket que é entregue aos que bateram à sua porta. Esse é o referencial para que Neo passe a filosofar sobre a Religião. (O Irmão Arnaldo para a cena e aponta para a tatuagem de um coelho branco em outra personagem do filme) Se antes ele conhecia e praticava a Religião da Informática, agora ele desejará raciocinar sobre ela. Nesse momento ele acompanha o grupo que lhe bateu a porta, no intuito de entender o que foi aquele chamado que utilizou o símbolo do coelho branco. Neo demonstra o desejo de conhecer sobre sua Religião, a Informática. A sucessão da trama cinematográfica leva Neo diante de Morfeu, que para a mitologia grega era o deus do sonho. Vejam agora, Morfeu oferece, nessa simbologia das pílulas azul e vermelha, a chance de Neo despertar para a realidade, num caminho sem volta. Agora vejam, Neo aceita conhecer a realidade. As cenas agora sugerem o nascimento de Neo. O movimento no meio aquoso, a busca pelo oxigênio e a libertação das amarras que lhe sustentavam, até sua expulsão, Neo passa a sentir e ver outra realidade. Ao longo da trama, Neo assumiu então a condição de raciocinar sobre a realidade. O personagem continua preso à Informática, porém, agora, além do aspecto religioso, ele assume o aspecto filosófico. No filme, Morfeu sempre falou e acreditou que Neo seria o escolhido para ir além; evoluir. Já nesse quadro Neo é alvejado e morre. Mas sua consciência se restabelece e ele renasce. Reparem que Neo passa a ver tudo ao seu redor de outra forma. Ele enxerga todos os códigos da Informática como condição primeira que dá cor, volume e forma a toda a obra Matrix. Nesse momento ele assume a condição de Ciência, pois suas ações passam a agir na própria obra, visto que agora ele atingiu um estágio de conhecimento mais avançado. Ou seja, Neo passou a conhecer, praticar, raciocinar, ver e sentir por todas as suas potências a obra Matrix. Sua busca, a partir de então, será em conhecer o Programador; uma analogia a Deus. Meus Irmãos, feito esse exemplo comparativo, lhes desejo uma jornada evolutiva sob o amparo do Pai Celestial e dos Irmãos Maiores. Procurem conhecer com profundidade a Doutrina Espírita e pratiquem seu tríplice aspecto a todo o momento. Desenvolvam vossas mediunidades e se dediquem em contribuir para a obra de nosso Pai. Vão em Paz.

Ao terminar de falar, as duas entidades desapareceram da sala. As outras foram conduzidas por seus mentores e mentoras.
Enquanto eu e Bartolomeu saíamos da sala, perguntei-lhe sobre o exemplo comparativo estabelecido pelo Irmão Arnaldo:
-Quer dizer então que os médiuns enxergam diferente dos outros?
-Nosso Irmão Arnaldo colocou sobre o tríplice aspecto que envolve a evolução do Espírito. Sua argumentação embala a necessidade de conhecer, agir, raciocinar e interagir com a obra de nosso Pai Celestial. A mediunidade, nesse aspecto, é apenas uma das partes da argumentação exposta pelo Irmão Arnaldo e necessariamente não se caracteriza em efeito condicionante. Para evoluir, o Espírito, em sua individualidade e integralidade, deve desenvolver os três aspectos: o Religioso, o Filosófico e o Científico. Pense como exemplo o nosso Irmão Chico Xavier. Ele desenvolveu a Religião, levando a palavra de Cristo aos necessitados. Desenvolveu a Filosofia, ao avançar os conhecimentos do Espiritismo. E desenvolveu a Ciência, na qual, com sua mediunidade e por incontestáveis metodologias, provou e comprovou a vida eterna, a comunicação entre encarnados e desencarnados e, principalmente, o amor incondicional de nosso Pai Celestial.
-Gostei dessa aula. Se possível, gostaria de participar de outras oportunidades onde o Irmão Arnaldo seja o palestrante.
-Em breve vamos ter nova oportunidade. Agora deves retornar.
Eram 5h55min. Quando retornei.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Visitando o Umbral

Na madrugada de quatro de fevereiro de 2011, fui levado pelo mentor Bartolomeu para as regiões do Umbral, localizada em Porto Alegre.
A chegada nessa região não é nada agradável. O ambiente é de uma escuridão degradante. Porém, apesar da ausência de luz, é possível observar, dentro de certa distância, a geografia do local e os vultos que por ali transitam.
Bartolomeu comentou sobre o local, dizendo que devemos olhar aquele espaço como o início para muitos espíritos entenderem sobre a Espiritualidade.
-Hoje nossas observações se destinam ao entendimento do processo de desencarne que envolve o pouco conhecimento sobre Deus. Em particular o caso dos irmãos que deixam a Terra sem terem praticado algum entendimento sobre a vida após o desencarne e que pouco ou nada se prepararam sobre o mundo que encontrariam após o desenlace do corpo. Vamos observar espíritos que fizeram pouco caso sobre os conhecimentos da vida eterna e estiveram mais preocupados com os bens materiais.
Nós estávamos caminhando por uma área onde eu via perfeitamente o chão de terra. Ela era fofa, pois o chão estava coberto por uma alta camada de pó, o que dava uma sensação estranha ao caminhar, pois os pés afundavam um pouco e parecia levantar poeira a cada passo.
Já em outras partes a situação era diferente, pois o chão se apresentava molhado e aquele pó dava uma sensação pegajosa de barro.
O cheiro em algumas áreas daquele ambiente não era nada agradável. O que se sentia constantemente era o cheiro de carne em estado de putrefação, característico dos espíritos que estavam próximos de nós. Eram quatro espíritos escorados em uma parede de rocha. Ambos estavam em silêncio. Três estavam de pé e um estava sentado no chão. As roupas estavam rasgadas. A fisionomia de todos eles era de sofrimento. Com olhares perdidos e completamente sujos, os quatro espíritos pareciam adormecidos. Um deles se virou de costas para nós, apoiando sua testa sobre a parede de rocha. Parecia querer atravessar ou entrar na rocha. Passamos bem em frente deles, sem sermos notados.
Vez por outra escutávamos gritos que não diziam nada, mas rasgavam o silêncio da escuridão. Esses gritos pareciam vir de todos os lados, pois não tinha como identificar a direção de sua origem.
Também se escutavam lamúrias a todo o instante. Essas eram balbuciadas por diversos espíritos.
A impressão que tive era de estarmos em um labirinto, onde subidas e descidas eram margeadas por paredes, não muito altas, de rocha.
Vi diversos espíritos deitados no chão, como se não tivessem forças para se levantar. Outros caminhavam cambaleantes. E outros ainda, caminhavam normalmente, demonstrando irritabilidade com os espíritos deitados e cambaleantes que estavam em seu caminho, empurrando-os ou chutando-os, e xingando-os com palavras ofensivas.
Ao chegarmos numa baixada, encontramos um senhor que contrastava com os demais espíritos do local. Ele trajava um terno que ainda estava limpo. Seus cabelos brancos ainda estavam penteados. E a pele de seu rosto e mãos estava perfeitamente limpa.
Fiz Bartolomeu parar e lhe perguntei sobre aquele espírito.
-Charles, esse irmão chegou recentemente aqui na região. Seu desencarne ocorreu em julho de 2010 e foi aos 92 anos. Ele ainda preserva muita vitalidade oriunda da matéria. Apesar de ele ter seu corpo cremado, o seu perispírito continua carregado de fluido denso da matéria corporal. Esse irmão não praticava a religião. Para ele, a morte significava o fim de tudo. Quando lhe perguntavam sobre o assunto, dizia que quando chegasse do outro lado, caso continuasse vivo, veria o que fazer. Agora ele está aqui. Ele sente uma confusão em seus pensamentos. Não sabe ainda distinguir o sonho da realidade. Esse irmão, assim como todos os outros daqui, está sendo observado pela Espiritualidade Maior. Os familiares desse irmão, que já desencarnaram há muito tempo antes, estão pedindo o apoio das equipes socorristas para resgatá-lo. Porém, por enquanto, não dá para fazer nada. Ele continua cego e reticente para a Espiritualidade. Nessas situações, cabe às equipes socorristas observar de longe os passos do irmão, até o momento em que ele desperte sua consciência para a imortalidade do espírito. Esse nosso irmão mantém suas ideias fixas nos princípios terrenos e ainda não se lembrou dos familiares que desencarnaram antes dele; sua mãe e seus irmãos, que oram por ele todos os dias.
-Os familiares já vieram visitar esse irmão aqui no Umbral?
-A permissão para visitar os entes queridos aqui no Umbral está condicionada aos conhecimentos que os irmãos adquiriram. Nesse caso, ainda nenhum familiar foi autorizado. Em breve a Irmã que na Terra foi a mãe dele poderá vir juntamente com uma equipe socorrista para orar junto dele. Mas enquanto ele não adormecer, essa visita não será permitida. A Irmã será poupada dos momentos de vigília desse que foi seu filho da Terra.
De repente o espírito que observávamos parou de caminhar e começou a chamar pelo nome de pessoas. Bartolomeu esclareceu que aqueles nomes se reportavam aos familiares que ainda estão encarnados.
Notei que um vento gelado começou a soprar, fazendo-me sentir muito frio. A temperatura parecia ter despencado de um ar quente e seco para um ar úmido e de um frio de zero grau.
Disse para Bartolomeu que estava sentindo muito frio. Ele colocou sua mão sobre minha cabeça, me restabelecendo a sensação de conforto, e disse para eu procurar não me envolver com o ambiente. Explicou que a sensação de frio decorreu do fato daquele espírito, o qual estava muito próximo, ter se imantado a Terra quando chamou pelos irmãos encarnados. Naquele momento ele passou a emitir um forte sentimento de sofrimento por se sentir perdido e desorientado. E por eu ter um corpo físico, senti com intensidade o sentimento do espírito. Bartolomeu disse que se eu estivesse num Centro Espírita, estaria dando passagem para uma incorporação, visto estar ocorrendo uma comunicação fluídica entre os perispíritos.
Para me restabelecer, Bartolomeu pediu para eu retornar ao corpo. O que fiz imediatamente.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A Vida na Espiritualidade

Após desencarnar, o espírito assume com intensidade a sua condição pretérita na espiritualidade. Ali ele passa a ser exatamente o que é, nem mais e nem menos; apenas sentindo e expressando em grau maior os seus sentimentos.
Porém, ao se deparar com ambiente que apresenta atmosfera diversa da qual ele estava acostumado, perturbações originárias de seu comportamento terreno se assomarão em sua consciência, lhe deixando aturdido e causando confusão quanto à realidade em passa a viver.
O retorno à Espiritualidade tem suas peculiaridades. Para alguns, esses primeiros momentos são revestidos de dor e sofrimento. Para o espírito, deixar a carne interrompe tão somente a sua prisão na Terra, mas não o liberta de seus pensamentos, causa e consequência da sua vivência e dos seus desejos humanizados.
Não há desprendimento da carne sem ocorrer um breve momento de nostalgia da vida que outrora executou na escola terrena. Essa nostalgia pode ser rapidamente assimilada pelo espírito ou pode demorar. Nesses casos prolongados do desprendimento terreno, o sofrimento é causa imediata e o espírito fica imantado às regiões de sofrimento, onde, como numa escola de ensino intensivo, o espírito será diariamente chamado a recobrar os sentidos e se desfazer das vibrações da carne, restabelecendo sua ligação de amor ao próximo.
Nessas regiões de sofrimento, onde o espírito peregrina como se não tivesse rumo, ocorrem situações diversas para que ele recobre a consciência espiritual. Porém, não lhe é fácil o desprendimento se estiver com o pensamento fixado nos desejos da carne e nos sentimentos de raiva, ódio, vingança e desprezo. Nosso Mestre Jesus nos ensinou que nas trevas devemos procurar a luz. A luz se reporta ao propósito de orar ao Pai Celestial, perdoando as fraquezas da carne, os nossos desafetos e se desfazendo dos desejos e riquezas materiais. Ninguém sai dos “hospitais” umbralinos, ou seja, das regiões do umbral, sem deixar os sentimentos de ódio, luxuria e desavenças fora de seu coração.
Para entrar nas regiões superiores da espiritualidade, é necessário desprendimento e fé na imortalidade do espírito e o amparo dos irmãos superiores.
Quando o espírito chega às regiões acima do umbral, a atmosfera da espiritualidade lhe soa no coração como vibração do paraíso, semelhante aos verdejantes campos que são contados na Terra. Mas, ainda assim, a beleza do ambiente não lhe tolhe o caminho que deve ser de árduo trabalho para a evolução do espírito. Nessas regiões os espíritos começam a recordar sobre sua vida pregressa e suas outras encarnações, tirando valiosos ensinamentos. Também relembra as atividades que tivera antes de encarnar e retoma o caminho da atividade espiritual com mais afinco e conhecimento no amor divino.
Aos espíritos mais esclarecidos, que assumem tarefas difíceis na Terra, e que ao retornar para a espiritualidade chegam conscientes, podemos afirmar que nesses casos o desencarne se dá como quando se tira uma roupa de mergulho. O desencarnante vivencia a presença de espíritos amigos que o acompanharam durante a vida na Terra, recebendo-lhe em grande jubilo e o conduzem para as moradas superiores da espiritualidade.
A chegada desses irmãos esclarecidos na espiritualidade é coroada de sentimentos de amor e muita fraternidade.
O espírito retoma aos poucos suas atividades na espiritualidade e, também aos poucos, busca visitar os irmãos de afinidade que deixou na espiritualidade antes de encarnar. Não lhe é surpresa quando se depara com irmão que outrora deixou na espiritualidade e que, ao retornar, o encontra encarnado na Terra ou em outro planeta, dando continuidade às atividades espirituais de desenvolvimento do amor e da fraternidade para a evolução dos irmãos menos esclarecidos.
O desprendimento pessoal e de amor e caridade ao próximo caracteriza evolução espiritual.
O sentimento mais aflorado nas esferas superiores, acima das regiões do umbral, é o de amor maternal e paternal. É o sentimento de amor, de mãe e de pai, de se entregar em cuidados e atenção aos filhos. Esse amor é o do perdão permanente e de muita dedicação em auxiliar e também de resgatar os filhos que se transviaram do caminho do bem.
Os espíritos dessa esfera transbordam um forte sentimento de zelo ao próximo, onde há muita oração e trabalho para os que estão encarnados e para os desencarnados que vivenciam situações adversas no umbral. Esse amor maternal, que faz muitos espíritos se ressentirem e chorarem pelos filhos e filhas que se exercitam nas experiências da matéria, compreende a maior ligação da espiritualidade. Esse sentimento ultrapassa todas as adversidades e se consolida no abraço afetuoso que se dá na espiritualidade no momento do reencontro. É um amor que resiste a tudo.
O verdadeiro amor de mãe, ou o verdadeiro amor de pai, transfigura o sofrimento pelo qual a alma querida passou, em sentimentos de conquista, esperança, amor e fé.
Não raramente, espíritos abnegados no profundo sentimento maternal e paternal, se unem em esforços para auxiliar os filhos amados. Mesmo que os laços de família sejam rompidos com o desencarne, o sentimento de amor e abnegação continua embalando os corações em complexas redes de trabalho fraternal.
É nas adversidades vividas pelas almas terrenas que os espíritos multiplicam seus sentimentos de amor aos filhos e filhas. Em contínuas romarias, orações e pedidos ao Alto, empolgam os mais nobres sentimentos de acolhimento e fraternidade, na busca permanente de alternativas consoladoras e de auxílio para as almas de seus diletos suportarem a carga que escolheram em sua romagem pela Terra.
A vida na Espiritualidade, em se tratando de atividades, não é tão diferente do que ocorre na Terra. Temos Irmãos e Irmãs se dedicando aos mais diversos serviços. O que diferencia a Espiritualidade da Terra está no objetivo das atividades. Na Espiritualidade, todas as atividades têm como objetivo maior a evolução do espírito em direção a Deus. O trabalho diário se faz fundamentado na comunhão coletiva de auxiliar a todos a caminhar no sentido da evolução.
As cidades da Espiritualidade são repletas de atividades. Muitas das atividades estão direcionadas aos encarnados e buscam estabelecer: o conforto espiritual; a cura para doenças; o tratamento evangélico para os espíritos; o conhecimento tecnológico e científico, muitas vezes sob efeito de inspiração; as orientações dignificantes; o trabalho de caridade e muitos outros.
Assim como na Terra, também há na Espiritualidade diversas atividades dirigidas para o bom desempenho do espírito. Muitos progressos que auxiliam os encarnados na Terra, já foram, há muito, utilizados na Espiritualidade para acelerar a evolução do espírito.
Mas o fato primeiro da vida na espiritualidade é de que, nas esferas acima do umbral, os espíritos estão em permanente atividade e desejosos de ganhar tempo em dedicação de amor, perdão e fraternidade ao próximo.
Estejamos desencarnados ou encarnados, a verdade é que todos nós podemos ser para o próximo:
Com nossos pensamentos, a luz que desfaz a desesperança.
Com nossas palavras, a água fluidificada que amolece o coração enrijecido.
Com nosso olhar, a confiança em Deus.
Com nosso sorriso, a certeza na vida eterna.
Com nossas mãos, o amparo e o suporte para aquele que sofre.
Com nosso ombro, o aconchego para aquele que quer acertar o caminho do bem.
Com nosso ouvido, a atenção para aqueles que procuram falar de suas dores.
E com nosso coração, espalhar a fraternidade, o perdão e o amor maternal e paternal para todos.
Irmão Bartolomeu
Mensagem recebida em 13 de fevereiro de 2011.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Orientação e Resgate

Ainda na madrugada de domingo, dia seis de fevereiro de 2011, o mentor Bartolomeu levou-me para um condomínio residencial em Porto Alegre, localizado na região leste.
Entramos em um pequeno apartamento. Na sala estavam dois rapazes e uma garota conversando e rindo.
Bartolomeu explicou qual a nossa atividade naquele local:
-Charles! Hoje vamos trabalhar no resgate de um irmão desencarnado. Você não enxerga, mas aqui estamos na companhia de irmãos de luz que já estão trabalhando para o resgate e orientação deste irmão que desencarnou há algum tempo. Da mesma forma, os três irmãos não estão nos enxergando, mas você se tornará visível para eles e te pedimos que converse com eles. Vou te orientar no que deves conversar com nosso irmão.
-Certo! Espero auxiliar sem atrapalhar o resgate.
-Fique tranquilo. Apenas procure demonstrar afinidade com eles. Dois deles ainda estão encarnados e seus familiares pedem auxilio do Alto para que larguem o vício. O outro que desencarnou, vem recebendo orações de sua mãe encarnada. Cabe a nós socorrê-lo. Vamos lá.
Nesse momento os três integrantes da sala me viram. O irmão desencarnado puxou imediatamente conversa comigo.
-Opa! Chegou mais um pra nossa festa. O amigo trouxe alguma contribuição ou só veio pra fica fissurado.
Entre risadas e comportamento de aconchego, a moça, que estava sentada no sofá, censurou a maneira de recepcionar-me.
-Júlio! Aqui não é tua casa. Na minha casa mando eu. Deixa o rapaz. Ele pode ficar.
E olhando para mim, continuou.
-Olha só, não dá bola pra ele. Pode sentar aqui e conversar com nós. O Júlio não tem modos, mas é uma boa pessoa. Viu, senta aqui.
O outro espírito encarnado se levantou do sofá e ficou de pé, junto de um abajur no canto da sala. Parecia receoso, demonstrando desconfiança. Ficou ali em silêncio, escutando nossa conversa.
Já o Júlio, o espírito desencarnado e que estava sendo preparado para o resgate, se levantou do sofá e disse que iria até o banheiro. Nesse instante, sob orientação do Bartolomeu, puxei conversa com ele.
-Júlio, não precisa se preocupar comigo. Estou aqui apenas de visita. Eu moro aqui perto.
Bastou dizer isso e o Júlio já interrompeu sua ida ao banheiro e voltou a questionar.
-Mas então tu conhece o pessoal chegado no pó e na pedra?!
-É... Talvez alguns. Mas não todos. Tu também é morador daqui do bairro?
A moça deu uma risada e complementou:
-Pelo jeito a conversa vai longe. O Júlio gosta de falar sobre isso. Já não é a primeira vez.
Apesar do comentário da moça, Júlio passou a falar sobre seu bairro.
-Eu morava no bairro Agronomia. Nunca fiz mal pra ninguém. Mas sempre gostei de dar uma cherada. Ficar fissurado. Depois pequei a pedra. Essa foi melhor ainda. Essa detona mesmo. O cara fica fissuradão. Lembro que foi numa dessas épocas que as coisas mudaram. Fiquei sem sono e sempre ligado. Outro dia teve um cara que me perguntou se eu lembrava de como tinha morrido. Mas nossa! Cara! Eu nem sei como vim pará aqui. A Lú e o Kevi continuam meus amigos. A gente se encontra seguido aqui no apartamento da Lú. Como eu não consigo mais comprar as pedrinhas, eles compram e a gente fuma junto.
Sob orientação do Bartolomeu, dei continuidade ao diálogo.
-Quer dizer então que tu sabes que está morto, mas continua visitando teus amigos?
-É! Isso parece uma viajem meia doida. Num dia eu cheguei na boca pra compra pedra e os caras de lá não me deram bola. Sabe como é. Eles nem falaram comigo. Eu gritei, mas eles nada pra mim. Daí eu procurei o Kevi. Falei com ele que tava querendo fica fissurado e que não tinha dinheiro e os mano da boca não queriam mais vender pra mim. No início o Kevi parecia estar viajando. Não me dava atenção. Mas depois de um tempo o cara se ligo na minha e foi comprar umas pedrinhas. Depois eu vim falar com a Lú. Ela também não falava comigo. Parecia doida. Eu falava com ela e ela ficava dizendo “sai pensamento ruim”. Daí eu me dei conta que tava morto. Me liguei, então, de conversar com a Lú e o Kevi durante a noite. E aí a gente troca uma ideia.
-Então tu moravas no bairro Agronomia?!
-É! Fica aqui pertinho.
-E tu não lembras como morreu?
-Não! Só lembro que antes eu trabalhava numa obra e fiquei desempregado.
-Quando você ficou desempregado?
-Foi em 2007.
-Então quer dizer que em 2007 você foi despedido e que talvez tenha morrido, é isso?
-Olha só. Não sei bem direito. Sei que fui despedido em 2007 porque onde eu trabalhava acabou o serviço. Depois disso eu fiquei um tempo procurando serviço. Mas daí passei a fumar mais pedras. Num certo dia eu não consegui mais compra pedra. Fiquei um tempão. Só depois fui falar com o Kevi.
-Júlio, você sabe em que anos nós estamos.
-Em 2008?
-Não! Ali na parede tem um calendário. Olha de que ano é o calendário.
Júlio olhou para o calendário, viu o ano de 2011 e deu de ombros.
-E daí que é 2011. Não faz diferença.
Nesse momento do diálogo o Kevi já havia se retirado. Enquanto isso, a moça continuava sentada no sofá, escutando a conversa entre eu e Júlio Fui orientado a conversar sobre a questão dos anos que se passaram sem que ele tivesse percebido. Comentei que havia outras cidades para ele conhecer.
-Júlio... Existem outras cidades que você deve conhecer. Não precisa ficar aqui. Isso para você é um sofrimento e vem fazendo a Lú e o Kevi sofrerem por você. Olha como a Lú está. Ela nem tem mais amigos por sua causa. Só o Kevi vem aqui. A Lú está procurando tratamento médico para sua dependência química. Logo ela estará recuperada. Já você poderá ficar sozinho. Mas antes disso. Repare que você não fica mais fissurado. A única coisa que você sente é o cheiro da fumaça. Depois, o que vem na sua mente, é apenas um esforço de lembrar as sensações do que sentia quando ainda estava encarnado. Vamos deixar a Lú seguir o caminho dela.
Nisso a moça passou a se mexer no sofá, como que se sentindo desconfortável, e começou a chorar. De uma das portas entrou na sala uma mulher que se aproximou da moça, falando com ela:
-Filha! Você continua se encontrando com o Júlio Vem comigo, vou te ajudar. Vamos conversar no seu quarto.
As duas saíram e ficou apenas o Júlio. Eu continuei a conversa:
-Veja Júlio Você está ficando sozinho. O conselho que te dou é de que aproveite hoje para ir conhecer outra cidade. Lá você receberá o tratamento adequado e terá muitos amigos.
-Mas quem me garante isso? Quem garante que existe outras cidades e que vou ter amigos?
-Júlio, eu te afirmo que existem amigos que querem te ajudar e que tu podes conhecer uma cidade muito linda em poucos instantes.
Se sentindo fragilizado, Júlio senta no chão, junto da parede, e com os cotovelos apoiados nos joelhos e as mãos na cabeça, comentou que estava confuso.
-Estou confuso. Sinto que estou sozinho aqui, mas tenho medo de sair.
-Não precisa ter medo de nada. Já está chegando dois amigos para te mostrar essa cidade. Lá você terá o tratamento adequado e irá se recuperar. O que acha disso?
-É, acredito que posso conhecer essa cidade.
Duas entidades se materializaram junto de Júlio, que continuava sentado no chão. Uma delas comentou:
-Bom dia! Então esse é o nosso amigo Júlio que está se decidindo em nos acompanhar?!
Júlio levantou a cabeça, e com um olhar de tristeza conversou com a entidade.
-É, faz tempo que eu deveria ter procurado ajuda. Fiquei atormentando a cabeça de algumas pessoas que nem ligavam pra mim e nem vi o tempo passar.
A entidade, complacente, se ajoelhou na frente de Júlio e lhe respondeu.
-Isso não importa mais. Agora é a oportunidade de tu recuperares o tempo. Primeiro vamos conhecer seus novos amigos. Depois tu poderás desenvolver melhor conhecimento sobre o que passou e vir a auxiliar os teus amigos. Me de sua mão e vamos juntos.
Júlio, ainda sentado, pegou na mão da entidade. Ao se levantarem do chão, os três saíram da sala como num raio de luz.
Bartolomeu disse, então, que estavam encerradas nossas atividades naquele dia. Que a Lú e sua mãe teriam uma longa conversa ainda no domingo sobre o tratamento da filha e que eu já poderia retornar ao corpo, pois já era manhã de domingo.