Alvorada. Era tardinha. Eu
caminhava pela calçada quando ouvi um estampido. Fui olhar de onde veio o som
do tiro... mas já não pude mais. A bala me atingiu no peito e nem tive tempo de
levar as mãos ao peito.
A morte certa se fez rápido. E logo sei o algoz
que disparou. E de pronto me pus assustado ao lado de meu corpo. E junto de mim
um homem elegante me acalmava, dizendo que estava tudo bem.
Mas o susto me incomodava e fazia de mim uma
pessoa irada, com vontade de perseguir e de também atingir o que desferiu o
tiro.
Ah! Quem dera outra oportunidade de bater de
frente com Juca, esse que usou a arma para me tirar a vida.
Esses sentimentos iniciais que aqui escrevo
foram parte de mim naquele momento fatídico.
Hoje já não mais penso em desferir ou prejudicar
qualquer que seja. Pois a vida na espiritualidade é mais esclarecedora e nos
traz uma paz na alma como nunca antes senti.
Na minha vida curta na encarnação terrena,
passei por dificuldades que me levaram a cometer alguns delitos; que me levaram
a conhecer o Juca. Mas as dívidas mal resolvidas e os problemas que se
avolumavam, fizeram do amigo que se transformasse em um inimigo, a tirar-me da
vida.
Hoje sigo em prece pelos amigos e pelos que me
consideravam como inimigo.
Sei das necessidades deles, e também das
condições de cada um em sua alma. E minha compaixão, aprendida aqui na
espiritualidade, me leva a orar por todos.
E tenham certeza; um dia nos encontraremos
aqui; e vamos nos trocar olhares e pensamentos. E será uma oportunidade de
delinearmos uma nova caminhada na carne.
Ao Juca, querido irmão, a quem muito oro, ele
continua com seus problemas na matéria. Enredado em conflitos e encarcerado;
ditando ordens do fundo de seu calabouço aos que lhe obedecem.
Mas tudo tem um porquê nessa vida. E o
aprendizado, às vezes, se faz a duras penas.
Meus irmãos e irmãs na Terra já não visitam
mais minha sepultura. E só de vez em quando é que lembram de mim. Mas já o
Juca, esse encontro muito seguido em sonho. Converso com ele, mas quando ele
acorda, suas palavras são influenciadas pelo seu desejo de controle, e o desdém
sobre minha pessoa é dita aos demais.
Mesmo em oração, vejo daqui, que muitos ainda
falam sobre Deus, mas atuam longe dele. Chegará o dia em que o aprendizado se
fará no coração, na alma, e os atos e pensamentos serão de Deus. Por hora fica
minha compaixão, sem arremedos, aos meus queridos irmãos e irmãs que na Terra
continuam seus aprendizados.
Fiquem com Deus, meus queridos!
Valdomiro, o Miro
Psicografado em 23 de
setembro de 2017.