O desencarne é uma viagem na qual o passageiro muitas vezes é levado de surpresa, sem dar-lhe a oportunidade da despedida. Além disso, o desprendimento da matéria causa certa confusão mental quando se processa o desencarne. Nem sempre se está preparado para o momento fortuito.
No desencarne pode ocorrer uma espécie de fantasia, onde os pensamentos mesclam diferentes situações de apresso e de cuidado sobre os bens materiais e sobre as pessoas a quem se ama. O grau de ligação com um ou outro depende muito da afinidade ao qual o desencarnante professava seus pensamentos mais íntimos. É no momento do desenlace que os pensamentos e desejos íntimos se revelam e o corpo físico não pode mais abrigar ou manter a cegueira costumeira dos mais apegados à matéria, como, do contrário, também se procederá a um encontro iluminado com familiares e amigos aguardando o aventurado.
De qualquer sorte, o desencarnante trará em seu coração a saudade daqueles que deixou na Terra. Saudade essa condicionada ao carinho e proximidade dos corações que sofrem no momento derradeiro da partida.
Cada desencarnante mergulha seu coração saudoso na mesma intensidade de dor em que mergulham os corações saudosos dos que ficaram na Terra. As ligações mentais, nesses momentos, dependendo do caso, levam certo tempo para se desatarem e a saudade entristecida passa a ser um angustioso sofrimento para os encarnados e um tormento ao desencarnado. Mas quando essa saudade é iluminada pela alegria e pela vibração da bem aventurança do que partiu, tenha certeza que o familiar ou amigo desencarnado receberá lindas homenagens do céu, na forma de flores coloridas a lhe cair sobre o Espírito.
Momentos assim animam uma ligação mental superior entre os entes queridos e o desencarnado aflora sua sensibilidade ao emitir votos de louvor e agradecimento pelo carinhoso coração. Então, o encarnado é retribuído com luzes e flores espirituais que aos mais sensíveis poderá ser percebido como um calor repentino, ou uma vibração que lhe eriça a pele, talvez a impressão de aromas ou perfumes, e até mesmo sentir a presença do próprio desencarnado – uma decorrência da intensidade da ligação mental.
Entre encarnados e desencarnados, onde a admiração, o carinho e o afeto se faziam como referência no convívio terreno, os laços jamais se rompem e a saudade pode manifestar-se num lenitivo divino, diminuindo a dor da separação temporária, quando se mentaliza a felicidade, o carinho e o afeto ao ente amado.
Irmão Afrânio
Mensagem recebida em 28 de junho de 2011.
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