Estávamos descendo em
direção a Terra, para mais uma atividade de resgate, eu e as demais entidades
que formam a equipe socorrista.
Não demorou muito para
iniciarmos nossas mentalizações de amor e paz, direcionadas ao Pai. Pedíamos sua
Luz para realizar o melhor trabalho de evangelização e que estivesse no
merecimento nosso o maior número de acolhimentos de irmãos que aderissem à nova
consciência; a consciência do desprendimento material e da existência de um Pai
que é Amor.
Mas as experiências por
vezes nos deixam consternados. Logo que adentramos as regiões terrenas,
chegando em cidade populosa da Terra, onde a cultura dos encarnados ainda se
confunde com o desejo de ampliar as conquistas materiais, deparamo-nos com
grupos de desencarnados que assediavam encarnados diante do falatório sobre
desesperados que buscam locais pacificados. As conversas entre encarnados e desencarnados
se davam em tom de discriminação e retraimento quanto aos irmãos encarnados que
buscam o socorro longe dos conflitos belicosos.
Nossa missão era de
aproximarmos desses grupos e falar-lhes sobre a necessidade do amparo coletivo.
Mas de imediato fomos cercados pelos irmãos ainda afeitos ao materialismo. Eram
espíritos doutos que cultivavam um ceticismo enrijecido em velhas tradições
políticas e filosofias que negam a existência de um Deus que a tudo assiste.
Esses irmãos nos tomaram o tempo e pontuaram sobre a necessidade de defender a
construção da sociedade sem a interferência de outros que não pertenciam ou
haviam contribuído para a construção da sociedade em que viviam.
Nosso Irmão Osvaldo, nosso líder
nas atividades, tomou a palavra mansa e passou a explicar sobre a necessidade
do amparo coletivo diante das sucessivas provas e experiências que as Almas
realizam para seu crescimento. Mas sem conseguir conversar por muito... e já um
irmão que fora grande estudioso da economia terrena, se contrapôs afirmando que
as engenharias do progresso estavam a mercê apenas do esclarecimento dos
Espíritos, fossem eles encarnados ou não, e que caberia a eles, como protetores
dos encarnados, de fazer valer a consciência do cuidado ante as massas humanas que
se acotovelam ao invadir as cidades. Dizia que o descontrole ocasionará dano
maior e inimaginável.
O Irmão Osvaldo deixou o
espírito falar todos os argumentos que pudesse. Nas cercanias desse que falava,
ainda se compraziam outra centena de entidades que protestavam com nossa
presença e manifestação; muitos afirmavam que éramos emissários da discórdia e
da crise.
Depois de algum tempo, com
os pensamentos mais serenados nas entidades contraditas, o Irmão Osvaldo
solicitou que eles olhassem para cima, para o céu, que naquele momento se
mostrava já em noite de lua e com muitas estrelas. Então, perguntou: Como acha
que tudo que está lá em cima exista sem uma ordem universal? Quem poderia ter
criado e estabelecido leis universais que regulam a evolução da criação e das
transformações dos mundos?
A entidade logrou afirmar
que tudo fazia parte de circunstâncias fortuitas, num longo processo de
evolução e que para não ocorrer nova extinção, teria de ocorrer a interferência
deles, enquanto desencarnados, sobre os encarnados. Só assim a civilização
seria preservada.
As palavras se faziam em um
diálogo que ganhou forma de debate político. E de argumento e contra-argumento,
Irmão Osvaldo disse que para mudar uma maneira de se compreender as realidades,
é necessário acreditar em algo para se iniciar sua busca, para se lançar
hipóteses, para se traduzir em significados. Se não acreditar em um poder
maior, numa força capaz de estabelecer leis universais e imutáveis, fica
impossível de dar o primeiro passo em direção a essa força, em direção ao Pai
Celestial. – Acredite como quiser, mas para dar o primeiro passo é necessário
acreditar.
As entidades logo começaram
a se dispersar, visto que com o diálogo acontecendo, muitos dos encarnados com
quem estavam mentalmente conversando, também se dispersaram e foram
acompanhados por outros socorristas que compunham equipes que chegaram na nossa
retaguarda.
Compreendendo a situação de
outra maneira, as entidades disseram que fariam o necessário para preservar sua
civilização e que estavam dispensando nossos conhecimentos.
Depois de travar esse debate,
saímos em direção de outra agremiação, que fica imantada em outra cidade. E já
em nossa retaguarda, outras caravanas de equipes de amor se achegariam para
mais nova missão.
Irmão Astrogildo
Psicografado em 20 de setembro de 2015.
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