Foram mais de vinte anos
andando nas sombras. Até que um dia fui lograda de muita dor no peito e fiquei
prostrada no chão.
Não sabia mais a quem
gritar.
Minhas angústias não eram
mais minhas, mas de todo o meu ser e de todo que estivesse na minha volta.
Diversos irmãos e irmãs
encarnados passaram a sofrer tal como eu. Tinham um forte recolhimento interior
e faziam sua Alma lamuriar com uma pessoa que sofre sem saber a origem da dor.
Era impressionante a
condição que juntos nós todos ficávamos. A dor se fazia e ao mesmo instante se
multiplicava.
Os gritos da Alma já eram
lamúrias que se faziam ao relento do entardecer, até o momento do despertar.
AS pessoas na minha volta,
juntamente comigo, já estavam transbordando angústia agonizante e de tal tamanho
que o psicológico se fazia sentir o suicídio palpitante.
Ah! Quanta dor e sofrimento
fiz eu, as pessoas passarem.
Eu e elas, juntos,
compartilhamos momentos de solidão e de recolhimento egoístico.
Foi em dado dia, em significativo
movimento de mão mansa e de voz suave, a minha história e a dos que comigo
sofriam, passou a mudar.
Mas quã bela mudança
ocorreu. Aquela senhora, simpática e amorosa, com voz mansa e de toque suave, fez
luz em meu coração.
A cama hospitalar logo foi
vista em minha frente. E com um convite para o descanso, não sobrou quase tempo
para lhe agradecer.
Me fiz de pronto. E
rastejando no lodo viscoso e mal cheiros, me lancei para cima de lençóis brancos
como nunca tinha visto.
E sob uma lâmpada azul, logo
senti um conforto inesperado. Um sentimento de consolo me encheu a Alma e, em
prantos, não pude mais parar.
Dormi o sono revigorante
como nunca mais havia sentido. E sonhei. Um lindo sonho de reencontro: minha
mãe e minha avó vieram falar comigo. Foi um belo momento que guardei lembranças
revigorantes ao despertar. Lembrava das frases de minha mãezinha, de minha vozinha.
Fiquei extasiada de alegria
e não mais me sentia sozinha. Apesar da estranheza do lugar onde agora me
encontrava. O quarto limpo, a cama com lençóis perfumados. E no bidê uma flor
apenas, mas de muito significado. Era a que minha mãe havia me entregue no
sonho.
Obrigada meu Deus!
Obrigada aqueles que me
acolheram!
Obrigada a todos que ouviram
meus lamentos e que por vezes os fiz também chorar.
Peço desculpas pelos erros
cometidos.
E agora me retiro para o
estudo do Evangelho. Nele a palavra de Amor e Esperança que necessito agora, em
minha Alma, acordar.
Um beijo no coração!
Da pequena e inconfundível irmã
Soraia P...
Psicografado em 05 de
outubro de 2015.
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