quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

ESCOLAS DA ESPIRITUALIDADE – Parte II

Bartolomeu solicitou para entrarmos.
Ao passar pela enorme porta do prédio, vi um grupo de pessoas descendo pela escada. Era um grupo formado por dez entidades. Eles se dirigiram para a rua, passando por nós. Estranhei a situação e questionei o Bartolomeu sobre o acontecido.
-Bartolomeu, isso aqui é para ser uma Escola. Mas vejo que esse grupo está saindo. Estão eles indo embora por algum motivo de preconceito.
-Como lhe disse. As Escolas da Espiritualidade têm métodos de ensino e orientação que respeitam a evolução de cada um dos irmãos e irmãs. Ocorre aqui que essa turma está indo desenvolver suas atividades de instrução nas comunidades terrenas. Em especial nos nossos irmãos e irmãs que estão imantados aos prazeres da matéria. Esse grupo de trabalhadores é formado por irmãos encarnados que trabalham como desobsessores em uma Casa Espírita de Porto Alegre. Aqui na Escola eles se reuniram, estabeleceram suas atividades, e agora estão se dirigindo ao socorro e orientação de irmãos necessitados. E assim acontece com todos os frequentadores da Escola. Ela não é um ambiente fechado. Os grupos se reúnem sob a chefia de irmãos da espiritualidade maior e depois se dedicam nas atividades externas. E isso ocorre com qualquer uma das formas de culto ou religião.
Nisso passamos a subir a escada, formada por um lance que dava para uma parede. Nesse lance a escada continuava uma para o lado esquerdo e outra para o direito, onde se localizava o primeiro andar. Os dois lances de escada levavam para esse andar e também para todos os outros.
O corredor era extenso, tendo portas dos dois lados. Acima de cada porta havia um número que a identificava. Contei oito portas em cada lado do corredor. Todas as portas eram de vidro, tendo como puxador uma estrutura de cano metálico quase no mesmo comprimento que a altura da porta. Também no final do corredor tinha uma grande janela de vidro.
Bartolomeu solicitou para subirmos até o terceiro andar. Chegando nele, não percebi diferença com relação aos andares abaixo.
-Charles, vá até a sala onde nos encontramos algumas vezes para as instruções do desdobramento consciente.
Diante da colocação, questionei sobre a condição de a referida faculdade ser um atributo pessoal.
-Bartolomeu, essa faculdade do desdobramento consciente não se trata de uma condição que eu desenvolvi ao longo de minhas encarnações, e que agora despertou?
-Charles, todas as faculdades mediúnicas são atributos do espírito e de seu esforço. Mas assim como se dá com qualquer atividade na Terra, quando é necessário estudo, entendimento, dedicação e disciplina, também com as faculdades mediúnicas é necessário estudo, entendimento e muita disciplina. Repare que apesar de você estar aqui, com consciência, suas vidas passadas não são lembradas. Você consegue lembrar sobre suas atividades em vida pregressa? Diante dessa situação, as Escolas da Espiritualidade buscam desenvolver as potencialidades dos espíritos, respeitando o esquecimento temporário a que os irmãos encarnados estão subordinados. Assim, todos podem desenvolver atividades de grande evolução, sem se perder nas angustias, sofrimentos e erros que ocasionou para si e para outros. Para todos os irmãos dedicados à espiritualidade, os estudos e orientações constituem princípio fundamental para o desempenho das atividades. Todos, com raras exceções, participam de orientações com irmãos da espiritualidade maior nas Escolas. Com você a situação da orientação e disciplina também constitui uma necessidade.
Enquanto Bartolomeu explicava, nós caminhávamos pelo corredor. Não sabia em que sala as orientações haviam ocorrido. Vendo meu rosto apreensivo em identificar a sala, Bartolomeu pediu para eu olhar pela porta de cada uma daquelas que estávamos passando na frente.
As salas eram diferentes quanto suas composições internas. Uma delas tinha almofadas no chão, formando um círculo de cinco entidades que ouviam um espírito de luz, todo trajado de branco e posicionado no meio do grupo.
Outra sala era composta de macas. Um grupo de entidades observava o instrutor posicionar as mãos sobre uma que estava deitada na maca. Nessa sala existiam quadros enormes onde estava retratada a figura do corpo humano, tracejado em brando sobre um fundo azul escuro, com várias linhas, também tracejadas em branco, da cabeça aos pés, tendo em destaque a localização dos chacras. Achei interessante a questão de cada uma daquelas linhas apresentarem números.
Outra sala tinha a mesma disposição das que encontramos em qualquer escola da Terra; com quadro branco e cadeiras.
Observei diversas salas, até que vi uma onde em seu interior havia um pequeno altar, semelhante aos da Igreja Católica. Ali estavam oito entidades reunidas. Ao ver essa sala, logo me ocorreu uma lembrança da possível sala que procurávamos. Recordei de uma sala que ficava duas portas adiante e do outro lado do corredor. Fui direto para a porta que eu agora estava lembrando. Bartolomeu percebeu meu movimento e comentou sobre a lembrança que tive.
-Vejo que o altar de Cristo lhe fez lembrar da sala onde estudou. Muito bom.
Comentei que me lembrei da porta e das imagens que havia na parede da sala.
Ao chegar à porta da sala, vi as imagens, em fundo amarelo, do corpo físico deitado e o espírito de pé, ao seu lado.
Na sala existiam quatro macas. Havia um grupo de quatro entidades ali dentro, sendo que uma estava deitada na maca.
O instrutor logo me chamou para dentro, dizendo que podíamos entrar.
-Olá meu irmão Charles! Vejo que meu aluno já está conseguindo realizar o desdobramento consciente.
Logo me lembrei das aulas e que o instrutor se chamava Lúcius.
-O Bartolomeu me trouxe hoje aqui para recordar sobre as aulas que tive. Recordei da sala quando vi o altar ali na outra.
As entidades ali presentes ficaram compenetradas em seus exercícios, sem dar muita atenção ao diálogo entre eu, Bartolomeu e o instrutor Lúcius.
Lúcius comentou sobre um dos medos que eu tinha.
-Irmão Charles, lembra que seu receio maior era superar o momento do desdobramento consciente. Você receava o momento inicial do deslocamento.
-Lembro dessa situação. Sentia um pouco de receio pelo fato de perceber a vibração do espírito e ter sempre o desdobramento iniciando pelas pernas e braços. Isso dava um pouco de medo.
-Esse receio que você sentia, ocorre com muitos. Nós estamos terminando uma atividade, hoje, aqui com esses irmãos, desenvolvendo a sensibilidade de amparo dos mentores. Nas próximas experiências esses irmãos irão sentir um maior conforto no desdobramento, pois estamos aprimorando a relação fluídica entre encarnado e seus mentores. Como esses irmãos já estão se preparando para retornarem ao corpo, eles irão um pouco mais cedo para sentirem a sua chegada ao corpo. Assim eles ficarão por um tempo refletindo sobre essa condição e sensações de chegar ao corpo.
Nesse instante Bartolomeu comentou que o meu retorno já estava para acontecer. Disse para Lúcius que eu retornaria mais vezes para a Escola, pois iria estudar em outras salas. Bartolomeu agradeceu a atenção de Lúcius, pediu desculpa para as entidades ali presentes pela intromissão na sala e lhes desejou ótimos estudos sob a Luz do Pai Celestial. E perguntou para mim:
-Charles, você consegue retornar sozinho, ou quer meu auxílio.
-Vou tentar.
Ao fechar meus olhos e pensar em meu corpo, em me virar para o lado, imediatamente acordei em minha cama. O relógio marcava cinco horas.

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