Foi na madrugada de 18 de julho de 2011 quando conheci a Cidade Espiritual Samaritana. O mentor Bartolomeu levou-me até a entrada da referida cidade. Disse ele que eu conheceria os trabalhos realizados por um grupo de entidades dedicadas às comunicações espirituais, semelhantes aos trabalhos realizados pelos médiuns na Terra, porém, essas entidades se dedicam às comunicações com planos diferentes da espiritualidade. Bartolomeu explicou:
-A cidade em que estamos é conhecida como Samaritana. Como referência de sua localização, temos na Terra a cidade de Rio Claro, em São Paulo. Aqui os trabalhos nada se diferem das demais cidades localizadas na Espiritualidade. Cumprem seus afazeres com especial atenção aos preceitos cristãos do “amar ao próximo” e da caridade incondicional. Entretanto, aqui temos um trabalho que se destaca pela semelhança com os executados pelos médiuns terrenos. São entidades abnegadas em desenvolver a comunicação mediúnica entre Espíritos de esferas diferentes. Não raras são as vezes que essas comunicações se fazem com entidades afeitas à obsessão. Buscam, com isso, formas de orientar para o bem e arredar essas entidades dos caminhos tortuosos da maldade, tecendo recomendações evangélicas e recobrando pensamentos de afeto daqueles que lhes foram familiares amorosos quando encarnados na Terra.
Ainda era noite na cidade. Porém, o movimento intenso das entidades destacava a quantidade de trabalho que ali eram exercidos.
Bartolomeu levou-me até uma área verde, onde estava estacionada uma pequena nave, semelhante aos teleféricos, pois era toda envidraçada, medindo aproximadamente uns dois metros de largura por quatro metros de comprimento. Sua altura interna era de uns dois metros aproximadamente. Não havia bancos para sentar, de forma que tínhamos que nos manter de pé. Uma entidade, posicionada numa das extremidades da nave, controlava um painel semelhante a uma tela de computador. O mentor Bartolomeu explicou sobre o fato de utilizarmos a nave:
-Estamos numa cidade muito interessante. Vamos utilizar essa nave de transporte local para nos dirigirmos até a região onde está localizado o grupo de trabalho. Como fica ao descermos algumas faixas vibratórias e afim de você não sofrer perturbações durante o deslocamento, a utilidade dessa nave vem bem a contento. O campo vibratório durante o nosso deslocamento poderia lhe impedir de penetrar na região, visto sua condição de encarnado. Veja! Iniciou o amanhecer. Aqui e em diversas outras cidades espirituais, devido à altitude em que se localiza, o amanhecer é mais rápido e muito antes do mesmo acontecer nas cidades terrenas.
De fato, o Sol passou a iluminas toda a região.
Imediatamente a nave se elevou do solo e iniciou seu deslocamento no sentido leste-oeste. Não andava a grande altitude e sua velocidade era moderada, propiciando visualizar a paisagem.
Seguíamos a uns dez metros de altitude sobre uma rua não muito larga; de uns quinze metros de largura aproximadamente. A rua era pavimentada com algo semelhante as lages de rochas. Era possível identificar a junção delas. As lages eram recortadas em grandes retângulos, sendo que a área da calçada era formada pelos mesmos blocos de lages, porém ficavam alguns poucos centímetros acima do nível da rua.
As casas se destacavam pela beleza. Todas as que vi naquela rua eram construídas em material, tendo suas paredes externas em cores claras. Todas elas eram formadas por gramados e jardins em sua volta. Algumas tinham árvores de grande porte, semelhante à araucária. Em outras casas havia espelhos d'água, com fundo azul iguais as piscinas, tendo grandes vasos, estilo grego, em suas extremidades, com flores coloridas semelhantes às violetas.
A rua por onde a nave se deslocava se dava em descida, de forma que cada vez mais parecia estarmos nos distanciando do amanhecer.
Não demorou muito e atingimos uma área sem residências, apesar de a rua continuar igual como antes. No local correspondente ao das residências, notei a existência de extenso calçamento onde estavam diversos pequenos obeliscos de pedra, com altura de alguns cinquenta centímetros aproximadamente, no máximo.
Logo vi na nossa frente uma grande muralha de rocha, com uns vinte metros de altura e tendo uma abertura de uns três metros de largura, visto que a nave passou quase rente às laterais da mesma, por uns dez metros de altura, sendo que a nave passou quase rente a parte superior da abertura. A largura da muralha era de um metro aproximadamente.
Após essa passagem, a noite voltou a se fazer e vi outra cidade ainda sobre os efeitos da noite. Porém, apesar de ter a impressão de entrar em outra cidade, Bartolomeu explicou ser a mesma Samaritana. Mas essa onde agora nos encontrávamos tratava-se da parte localizada em nível vibracional mais baixo e mais internalizada nas faixas vibratórias do Umbral. Ali estão centros de socorro, hospitais, postos de auxílio, clínicas de restabelecimento, alojamentos de repouso e câmaras para contato e orientação, bem como a residência de diversos trabalhadores prestadores dos serviços que lhes competem.
A nave havia estacionado logo após cruzamos pela abertura. Essa parte da cidade era numa descida mais acentuada do que a área do outro lado da muralha.
Uma mulher caminhou ao nosso encontro logo ao descermos da nave. Ela vestia roupas escuras, o que me chamou a atenção. Bartolomeu, percebendo minha perplexidade, apenas sorriu e disse tratar-se da Irmã que nos conduziria até a câmara de contato. A mulher, de estatura baixa, tinha os cabelos pintados em duas cores. Compridos até a altura dos ombros, eles eram de cor azul celeste da metade para baixo e a parte de cima era em tom amarelo claro. Ao se aproximar, ela nos cumprimentou:
-Boa noite, Irmãos. Sou a assistente Maria Rita e recebi a permissão de conduzi-los até nossa Irmã Samaria.
Maria Rita percebeu meu sentimento de perturbação diante de sua fisionomia e procurou acalmar a situação.
-Irmão. Não tenha medo. Estou aqui para auxiliar. Não vou lhe fazer nenhum mal e não pretendo lhe causar nenhum transtorno. Estou trabalhando e buscando ensinamentos direcionados ao bem. Ainda tenho momentos de recaídas, com pensamentos relacionados aos prazeres que alimentavam meus desejos na carne. Mas deixe minhas desculpas para mim mesma. Vamos para a câmara da nossa Irmã Samaria. Ela vos aguada e lá você se sentirá melhor.
Maria Rita colocou sua mão direita em minhas costas e solicitou seguirmos pela avenida. Bartolomeu seguia junto, ao meu lado direito.
A cidade Samaritana, nesse lado da muralha, não mantinha a mesma beleza da outra parte. Entretanto, as ruas, residências e prédios mantinham as mesmas semelhanças.
Na nossa caminhada, descendo pela rua, passamos diante de um prédio de três andares. Sua fachada era de uns cinquenta metros, sendo a parte térrea toda envidraçada e com excelente iluminação, possibilitando enxergar a movimentação interna. Maria Rita informou se tratar de um Hospital Psiquiátrico.
Na quadra seguinte, de onde estava localizado o Hospital, a rua continuava numa curva para a esquerda. Nessa, um paredão de pedras parecia ter sido construído para conter o barrando de terra. Desse paredão, em alguns pontos, vertia um pouco de água. Passando essa quadra, a outra ficava numa área plana. Ali estavam algumas casas. Na frente de todas elas haviam bancos em pedra ou madeira onde estavam diversas entidades acomodadas.
Chegamos à frente da terceira casa. Maria Rita solicitou para entrarmos. Fomos atendido por duas outras mulheres, que nos receberam com largo sorriso. Eram duas senhoras.
-Sejam bem-vindos. Nossa Irmã Samaria lhes aguarda na Câmara.
Bartolomeu conversou rapidamente com as senhoras. Em seguida subimos por uma escada em caracol localizada no canto da sala.
No andar superior estava uma senhora, muito sorridente, sentada junto de uma mesa redonda. Na sua frente estava uma pequena pilha de folhas de papel em branco e alguns lápis. Esse andar era todo envidraçado, com cortinas em tom claro. Aquela ali era a Irmã Samaria.
-Meus Irmãos. Que nosso Pai se faça com muita luz em seus corações. Irmão Charles, eu sou a Irmã Samaria. É bom tê-lo aqui para conhecer nossos trabalhos. Eu e seu mentor Bartolomeu conversamos sobre a necessidade em abrirmos sobre as atividades realizadas aqui. Recebemos a permissão dos nossos orientadores superiores e cá estamos transbordando em alegria.
Bartolomeu passou a conversar com Samaria. Também agradeceu pela oportunidade de estarmos ali e comentou sobre a importância dos trabalhos realizados por Samaria. Conversou, ainda, com as outras duas Irmãs que estavam posicionadas de pé, uma em cada lado de Samaria que permanecia sentada.
Enquanto conversávamos sobre os trabalhos de comunicação destinados aos necessitados que sobem do Umbral e passam a habitar aquela parte da cidade, percebi a luz do Sol começar a iluminar parte da câmara onde estávamos.
Samaria explicou que ali, naquela parte da cidade, são trazidos muitos Irmãos resgatados nas regiões do Umbral. Em sua maioria seria entidade com diferentes desequilíbrios no pensamento, necessitando disciplinar suas maneiras de pensar. Somente quando os atendidos alcançam um equilíbrio razoável no trato de seus pensamentos, é que podem habitar a parte superior da cidade de Samaritana. Isso evita desequilíbrios na harmonia fluídica da cidade.
Sobre o trabalho exercido por ela, disse tratar-se de consolos preciosos aos Espíritos que necessitam viver por algum tempo naquela parte da cidade:
-Aqui nesse lado da cidade, temos os mais importantes trabalhos para desintoxicação e limpeza fluídica para os resgatados. Muitos resgatados trazidos para cá viveram por muito tempo nas regiões do Umbral. Não raras são as vezes que muitos preferem continuar nas regiões trevosas. A faixa vibratória dessa parte da cidade permite um meio de acesso para muitos desses Irmãos. Aqui iniciam diversos trabalhos de adaptação e onde são orientados em pensamentos sadios para o Espírito. Todos eles têm familiares e amigos na Espiritualidade que clamam por socorro a eles. Meu trabalho e de muitas outras Irmãs e Irmãos aqui é de proporcionar esse contato. Como médiuns, tal como ocorre na Terra, nossos resgatados, depois de se adaptarem à cidade, nos procuram para terem notícias dos familiares e amigos que deixaram na Terra. Conforme a situação, muitos desses familiares já se encontram na Espiritualidade. Como em muitos casos a aproximação deve ser feita com cautela, cumpre-nos comunicar pela telepatia com esses familiares e passar, como carta, mensagens de consolo, esperança do reencontro e de exercício e dedicação ao bem. Sentimo-nos felizes quando vemos nossos resgatados, após lerem as cartas, reelaborarem a maneira de verem e perceberem a vida e passarem a emitir e produzir pensamentos mais iluminados, direcionados ao afeto e irmanação.
Samaria disse que o trabalho de escrever as cartas é incansável e praticamente ininterrupto, visto que os mesmos resgatados retornam diversas vezes para terem notícias dos familiares e amigos que se encontram em planos superiores. Mas tão logo tenham condições de compreender sua condição e consiga certa melhora em seus pensamentos, sua moradia passa a ser na parte superior da cidade e aí os encontros com familiares e amigos que já se encontram na Espiritualidade lhe são oportunizados.
Enquanto conversávamos, uma das assistentes deu-me um copo com água, tirada de uma jarra de vidro localizada em uma mesinha junto da janela, onde os raios do Sol transpassavam, produzindo um efeito de cores na mesma.
Depois de beber a água, Samaria comentou com Bartolomeu sobre meu retorno. Disse que ali na câmara eu estava protegido dos miasmas fluídicos que poderiam perturbar no meu equilíbrio emocional. Comentou que ao beber a água, eu havia recordado o Centro Espírita onde trabalho e com isso estava preparado para retornar.
De fato, ao pegar o copo com água, recordei do Centro Espírita.
Bartolomeu agradeceu a oportunidade concedida pela Espiritualidade Superior e pela disponibilidade da Irmã Samaria em nos receber. Em seguida Bartolomeu colocou a sua mão em meu ombro e solicitou para irmos. O que fizemos instantaneamente.
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