Foi numa noite enluarada que decidi
por em prática meu plano.
Antes eu me pus a orar e pedi ajuda
aos anjos para consolidar o planejado. Meu objetivo era o de
assassinar um fazendeiro que detinha diversos capangas para efetuar
suas maldades.
Ao cumprir com esse objetivo,
estaria levando o povo da maldade deste perverso homem.
O que eu não contava era com a
precisão dos capangas.
Fui chegando até a casa do coronel
Maurício. De entre tufos e brejos, passei despercebido por todos.
Minha única testemunha era a lua
cheia.
Quando cheguei perto da janela do
casarão, coloquei a garrucha de prontidão.
A luz das lamparinas da sala
indicavam que o coronel estava na sala.
Fui chegando de mansinho. Puxei a
pistola e levei ela até o sopé da soleira da janela.
Pus a garrucha no chão já pronta
para o ataque. Mas quando levantei o rosto para verificar a sala,
ouvi um forte estouro, um tiro.
Olhei para o chão, assustado,
apreensivo de que a garrucha tivesse disparado. Mas o que vi foi o
corpo de um homem com o rosto desfigurado.
Ouvi um dos capangas do coronel
falar mansamente:
-Coronel! Esse foi conversar com
Deus!
Meu plano não teve exito. E agora
eu estava vendo meu próprio corpo no chão.
O pior foi depois. Minha visão
ficou embaçada e tive a impressão de estar cego.
Gritos por toda a parte e o frio me
faziam rolar pelo chão.
Foi assim meu martírio. Durante
algum tempo senti as larvas roerem minha carne.
Fiquei na fazenda do coronel por
muito tempo e fui motivo de chacota. Logo depois a casa grande do
coronel foi dada como assombrada. Queria que revelassem meu corpo;
que foi jogado pela jagunçada na vala do rio sanga, onde a sujeira
do chiqueiro era despejada.
Depois de muito tempo é que me
refiz da situação e perdoei meus algozes.
Refeito na Espiritualidade, perdoei
cada um dos irmãos.
Hoje todos nós trabalhamos. Alguns
deles já encarnaram, ou estão encarnados.
Eu também já encarnei depois
daquela experiência.
Hoje, de volta à Espiritualidade,
resolvi contar essa breve passagem de minha vida, que aconteceu no
interior de Minas Gerais, lá pelos idos de 1930.
Milton Alves
Psicografado em 11 de março de
2013.
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