sexta-feira, 6 de maio de 2011

Horizonte de Luz e o Departamento de Desencarne Assistido

Na madrugada de domingo, dia primeiro de maio de 2011, o mentor Bartolomeu levou-me até um ponto da cidade de Caxias do Sul. Chegando ao local, encontramos um grupo de idosos conversando, como se ali fosse um ponto de ônibus. Ao nos aproximarmos, uma das idosas puxou conversa.
-Olá! Então vocês também vão para os trabalhos artesanais?
Bartolomeu estabeleceu o diálogo com essa senhora.
-Sim. Mas hoje vamos apenas observar os trabalhos que vocês realizam e no futuro vamos nos integrar ao grupo.
Junto com as idosas e os idosos, que formavam um grupo de dezoito pessoas, havia ainda outras entidades acompanhando os mesmos. Percebi pela fisionomia desses outros, mais jovens e todos trajando um uniforme azul claro, de se tratarem dos Espíritos destinados a dar assistências aquele grupo. A diferença era de que os idosos compunham-se de espíritos encarnados e os de uniforme eram todos desencarnados. Bartolomeu explicou sobre a nossa atividade.
-Charles! Hoje estamos indo até a cidade espiritual Horizonte de Luz conhecer os trabalhos realizados pelo Departamento de Desencarnes Assistidos. Os Irmãos Espirituais, trabalhadores desse Departamento, cumprem a missão de acompanhar todos os encarnados merecedores da atenção e misericórdia divina. Como vê essas Irmãs e Irmãos encarnados, já em idade avançada, estão sendo levados para trabalhos em uma das repartições do Departamento, visando uma atenção que surta no desprendimento da matéria, ou seja, do corpo, e possam despertar com lucidez para o Mundo Espiritual. Tão logo aconteça o desenlace, esses Irmãos terão condições de recobrar a consciência dos momentos vividos na Espiritualidade que antecederam o desencarne. Isso facilitará a adaptação à nova condição, com mais rapidez e sem choques.
Tão logo Bartolomeu terminou de falar, diante de nós apareceu um aeróbus. Flutuou até quase tocar o solo, ficando a uma altura de uns vinte centímetros do chão. Uma porta lateral, larga, se abriu e todos nós entramos e nos acomodamos nos confortáveis bancos almofadados e de tecido branco.
Quando a porta foi fechada, ficamos sem condições de olhar para fora. Os vidros ficaram escuros e dentro do aeróbus uma luz branca iluminava o ambiente. Apesar de não poder ver o lado externo, todos os demais conversavam de forma animada.
Ao tempo de um ou dois minutos, as janelas voltaram a ficar transparentes, permitindo ver o ambiente externo. Diante das perguntas silenciosas que pipocavam em minha mente sobre o ocorrido, Bartolomeu esclareceu.
-O fato dos vidros impedirem a observação externa, visa evitar que nossos Irmãos aqui conduzidos vejam as regiões umbralinas e as imagens de sofrimento que ali se projetam. Agora já estamos próximos ao nosso destino e a paisagem é convidativa para a reflexão divina. Assim, as janelas possibilitam a transparência. Nosso condutor aciona esse mecanismo magnético sobre os vidros, mudando sua contextura e opacidade, conforme a orientação do Venerável Irmão responsável pelo Departamento dos Desencarnes Assistidos.
O aeróbus sobrevoou a cidade Horizonte de Luz. Fiquei impressionado com o tamanho da mesma. Casas, prédios de três ou mais andares, avenidas extensas e largas. Percebi muitas árvores e flores por todos os lados. A luminosidade dava a impressão de ser dia. Também notei que não nos dirigíamos ao centro da cidade, pois pelo tracejado das avenidas o aeróbus cruzava as mesmas. Ao longe vi uma luminosidade que se destacava. Bartolomeu disse que aquela luminosidade originava-se da área central da cidade, onde estava a governadoria.
Em seguida começamos a descer. O aeróbus estacionou numa espécie de plataforma, onde todos desembarcaram. Dessa plataforma até a calçada que ficava mais abaixo, havia, além de uma rampa na lateral, alguns lances em degraus, onde uma das idosas, a mesma que conversou com nós antes de embarcarmos, solicitou a mão para ajudá-la a descer.
Saindo da plataforma havia uma área aberta, em formato de círculo. O calçamento era constituído de pequenas pedras formando mosaicos de imagens geométricas nas cores marrom, preto e branco. Como se completassem essas figuras, havia alguns pequenos canteiros com flores e outros apenas com um gramado baixo. Essa área, acredito, tinha em torno de uns duzentos metros de diâmetro. Um tracejado de pedrinhas brancas cruzava a área em toda a sua extensão, ligando a plataforma a uma casa grande de dois andares.
Fomos acompanhando todo o grupo, que conversavam com muita naturalidade e se dirigiam até aquela casa. Chegando à porta os idosos adentraram como quem já conhece o ambiente. A alegria daquele grupo era muito visível.
Ali dentro havia uma sala grande com duas mesas compridas e cadeiras, onde todos se puseram a sentar. Sobre a mesa havia diversos apetrechos de tecidos, linhas coloridas, agulhas e outros utensílios. Um homem, aparentando uns setenta anos, se aproximou de mim e de Bartolomeu. Ele possuía cabelos e barba branca e vestia um avental. Sorridente, cumprimentou-nos.
-Irmão Bartolomeu! Muita paz e amor! Para você e para nosso Irmão encarnado que hoje nos visita. Soube de sua vinda pelos Irmãos do Conselho e fiquei muito empolgado. Ainda mais pela oportunidade concedida em levar para a Terra as informações sobre nossas atividades. Irmão Charles! Em minhas orações pedi ao Pai o amparo necessário para que esse momento chegasse. Sabemos o quanto é difícil aos encarnados recordarem suas vivências espirituais durante o sono. Seja bem vindo ao nosso humilde local de trabalho. Sou o seu também humilde Irmão Geremias. Estou aqui como um servo de Deus e ao seu dispor.
Bartolomeu agradeceu a hospitalidade. Também agradeci e elogiei a dedicação e desprendimento.
Conforme eu perguntava sobre o local, o Irmão Geremias ia explicando. Informou ser o chefe dos assistentes. Ele esclareceu que a casa correspondia a Oficina de Artes e Artesanato do Departamento de Desencarnes Assistidos, sendo que existiam outras Oficinas ligadas ao Departamento. Sobre o grupo de Idosos e Idosas, Geremias comentou que apenas dois eram trabalhadores de Casas Espíritas. Os demais se irmanaram em outras religiões na Terra. Destacou que todo o acompanhamento de desencarne assistido, para aqueles Irmãos e Irmãs, se destinava em estimular o desenlace consciente no momento do desencarne. Comentou ainda sobre a condição do desencarne, afirmando que todos ali terão o seu desprendimento rápido e imediato quando chegar o momento designado pelo Alto. Ainda sobre o tempo de acompanhamento, disse que as atividades assistidas compreendiam entre três e oito meses. Esse era o tempo de preparação, em média, nas atividades de assistência para estimular o desligamento consciente dos Irmãos e Irmãs encarnados.
Enquanto Geremias explicava, também íamos observando os trabalhos realizados pelo grupo. Alguns dos idosos pintavam os tecidos. Outros apenas conversavam. Fato é que não existia tristeza alguma no semblante deles. A alegria era contagiante.
Geremias destacou que o trabalho dos assistentes era constante. De fato, eles estavam sempre próximos aos integrantes do grupo, conversando a todo o momento com os idosos e idosas.
Aproximamos-nos da idosa que conversou com nós antes de embarcarmos no aeróbus. Ela desenvolvia com grande habilidade um crochê. Geremias se reportou à Irmã, dizendo do seu adiantado estagio de consciência e que o desenlace derradeiro estava programado para a próxima semana, após a data comemorativa do dia das mães.
Ficamos umas três horas ali, onde conversamos sobre diversos assuntos. Inclusive com os idosos e seus assistentes. Após esse tempo, todos saíram e se dirigiram para o mesmo local de chegada, onde o aeróbus já nos aguardava. No retorno, o grupo havia diminuído a conversa e a alegria. A saída de Horizonte de Luz parecia ter-lhes causado um sentimento de perda.
Chegamos ao mesmo local em Caxias do Sul. Entre os idosos, alguns começaram a destacar um estado de sonolência, sendo esses amparados pelos assistentes. Deixamos o local e fomos para outra atividade designada pelo mentor Bartolomeu.

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