Entramos na casa. As paredes eram feitas de blocos de pedra, enquanto que a porta era feita em madeira grossa. Os móveis também eram de madeira. A impressão que tinha era de estar entrando num museu.
Logo na entrada, à nossa esquerda, existia uma escrivaninha com três gavetas. Sobre ela estavam preservados alguns manuscritos contendo cálculos, datas e outros símbolos que não entendi o significado. Também havia um tinteiro e uma pena. A cadeira que estava na frente da escrivaninha, estava posicionada com a parte de trás encostada na mesma, dando a entender que o ocupante sentava de costas para a escrivaninha.
A parede do lado oposto à escrivaninha tinha um quadro proporcional ao tamanho da parede. O quadro, um quadrado de um metro e meio aproximadamente e de cor branca perolizada, tinham filamentos em madeira que saiam de suas extremidades e de suas laterais. Esses filamentos tinham inscrições e números. Atravessando esses filamentos, existia ainda um aro de metal com treze símbolos do zodíaco. Esse aro era seguro e corria sobre quatro roldanas fixas na parede. O que lhe garantia o movimento circular. Bartolomeu passou a explicar sobre o instrumento.
-O que você vê na parede, corresponde à ferramenta mais antiga utilizada para visualizar o futuro. Nostradamus, em seus muitos desdobramentos, consciente, sentava nessa cadeira e olhava fixamente para esse painel. Com seu pensamento mergulhado no desejo de ver o futuro, o circulo se movimentava para determinada posição, possibilitando ver as imagens do futuro como se lá ele estivesse presente. Ao terminar de ver o futuro, ele voltava a ver a posição onde o círculo parou, identificando assim as datas dos acontecimentos. Quando Nostradamus retornava ao corpo, tomava sua luneta e iniciava os cálculos para ter certeza sobre as datas e os acontecimentos futuros. Mas antes de você sentar, venha aqui para ver outra parte da casa.
Bartolomeu levou-me para uma sala ao lado, muito maior que a primeira, onde existia uma biblioteca repleta de livros antigos, todos bem organizados em estantes de madeira. No centro da biblioteca havia uma grande mesa onde estavam mapas tracejados em tecido.
Disse, Bartolomeu:
-Aqui, foi a biblioteca onde Nostradamus estudou enquanto seu corpo repousava.
No alto de duas paredes havia três aberturas circulares, por onde entrava a luz do Sol. Assim como na primeira sala, na biblioteca o assoalho era feito em tabuões. Sendo que para entrar na mesma, tivemos que descer dois degraus.
Depois de conversarmos por algum tempo sobre os livros e mapas, Bartolomeu solicitou que voltássemos para a sala da escrivaninha. Ali, ele passou a explicar o que iria acontecer. Pediu que eu sentasse na cadeira e olhasse para o quadro.
Sentado na cadeira, fiz o que o mentor solicitou. Notei que o quadro passou a ficar semelhante a um espelho. Em seguida eu ouvi um barulho de catraca e me senti flutuar, como se eu saísse da casa.
Era como se eu estivesse, em espírito, noutro lugar. Eu estava no alto de uma montanha. Lá embaixo, diante de mim, havia uma grande cidade. De repente ouvi um estrondo e no horizonte daquela cidade vi surgirem quatro cogumelos enormes de fumaça, iguais aos de uma explosão de bomba atômica. Os cogumelos atingiram grande altitude. Em seguida ouvi um forte chiado, acompanhado de um vento que aumentou bruscamente de velocidade. Senti um forte calor no vento, que era acompanhado por labaredas de fogo.
Toda a cena aconteceu em segundos. Mas, a sensação de estar presente no local me levou a abaixar diante do vento quente e das labaredas que passaram por cima de mim. Quando levantei, - Meu Deus! -, não vi mais a cidade. Sobre ela estava uma espessa nuvem de cor chumbo.
Diante daquela visão catastrófica, fiquei, de pé, observando o intenso movimento daquela nuvem de poeira e fumaça. Sentindo o coração acelerado pela visão assustadora e a boca seca pelo impacto do susto, me vi logo diante da tela, sentado na cadeira da sala. Bartolomeu me observava com seu olhar complacente. Ali na cadeira eu parecia ter despertado de um pesadelo. Meu coração continuava acelerado e minha boca parecia mais seca ainda. Bartolomeu, então, colocou suas mãos sobre minha cabeça. Foi quando imediatamente recobrei a calma.
Observei que o circulo estava, agora, parado em outra posição. Os filamentos de madeira também haviam mudado. Dois deles pareciam mais curtos e um terceiro mais longo. Reparei que o círculo e os filamentos haviam montado uma combinação de números e símbolos. Bartolomeu pediu para que eu levantasse da cadeira e passou a explicar:
-Toda a combinação formada pelo círculo e as arestas, definem o ano, o mês, a hora e a localização dos acontecimentos. Esse instrumento foi elaborado a pouco mais de seiscentos anos. Ele é formado por um complexo e poderoso captador de energias mentais dos encarnados e processa um número extremamente gigante de informações, transformando-as em imagens. Ao combinar as informações com algoritmos de grande complexidade, o observador poderá visualizar o somatório das combinações como resultados em acontecimentos futuros. Apesar dos Espíritos possuírem a faculdade de ver o futuro e o passado, nem tudo é possível ver com precisão. Esse equipamento foi construído para facilitar a visão do Espírito e propiciar precisão nas informações. Desde que esse equipamento foi construído, diversos irmãos que trabalharam na sua tecnologia, encarnaram na Terra e foram levando aos poucos a possibilidade de se construir algo similar. Atualmente a Terra conta com computadores cada vez mais potentes. Os programas não param de evoluir. E as análises combinatórias e os algoritmos ganham mais complexidade. E já são muitos os encarnados estudiosos de cenários futuros na área da política, mercado e economia. Guarda o que você viu nas imagens. O importante é saber que o futuro não está oculto e nem é imprevisível ou incerto aos homens. Todas as potencialidades desenvolvidas pela informática, matemática, política etc., dão condições ao homem de prever e desvendar o futuro, tornando-o mestre de seu próprio destino. Agora, retorne ao corpo, pois poderá se atrasar para suas obrigações na Terra.
Retornei ao corpo às 6h50min. De fato, não ouvi nem o despertador que sempre deixo programado para as 6 horas.
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